Do Carmo desiste de candidatura em Maringá e alega ‘pressão’ de Sergio Moro


Por Luciana Peña/CBN Maringá

Em coletiva, o deputado estadual Do Carmo anunciou na tarde desta sexta-feira, 2, que não será mais candidato à Prefeitura de Maringá, porque, segundo ele, o senador da República Sergio Moro quer que o partido adote a neutralidade nas eleições municipais.

Foto: Luciana Penã

O deputado se emocionou ao dizer que está abrindo mão de um sonho e se disse vítima de racismo estrutural. No cálculo de Do Carmo, sem ele na disputa Maringá poderá não ter segundo turno.

“Nós tivemos uma divergência dentro do nosso partido. Como para ir com a candidatura na magnitude que é a cidade de Maringá, a gente tem que estar todos integrados. E, nos últimos dias, o senador Sergio Moro vem orientando para que o partido se mantesse na neutralidade. Eu tinha total condição da disputa, fizemos 48 candidatos a vereadores”, disse ele.

Veja mais trechos da entrevista com Do Carmo

Como é que fica o diretório municipal com as decisões? 

Do Carmo: Olha, neste momento, eu ainda permaneço como presidente, vamos ver o desenrolar. Este Diretório Municipal foi votado na executiva estadual, nós deliberamos isso, eu tive nove votos para que eu fosse o presidente de fato, naquela ocasião o senador saiu vencido, e agora nós vamos brigar, a não ser que o União Brasil me expulse do partido, porque, ainda assim, eu estou cumprindo a sua determinação, que não é a determinação da executiva nacional e nem da estadual, é uma determinação pessoal, mas estou cumprindo o que foi me pedido, e vamos ver agora o desenrolar do fato. Porque agora, a minha eleição, para a nossa cidade, ela vai passar, mas agora começa a eleição de governo, e quem é candidato de governo não sou eu.

O senhor disse que não foi uma decisão da nacional, da diretiva nacional, qual o poder do Sergio Moro, então, do senador Sérgio Moro, para tomar essa decisão? 

Do Carmo: Nós sabemos o tamanho político que o senador é na cidade de Maringá. Nós estamos falando da terceira maior cidade, estamos enfrentando um grupo que está com a máquina na mão, grupos políticos que estão voltando, e nós iniciamos há sete anos. Como que eu vou para uma disputa, tendo uma pessoa dentro do meu partido, que tem uma força política na cidade de Maringá, sendo divergente? Não tem condição. Fisicamente, sentimentalmente, eu não consigo conduzir esses dois processos. Então, eu prefiro me retirar, assumir o compromisso de restabelecer as candidaturas dos nossos vereadores, fazer como eu fiz na passada, uma das chapas mais votadas, entregar quatro vereadores para a Câmara de Maringá e seguir o meu caminho. Vamos ver agora o que a União Brasil vai decidir. Ela está aberta, divergente, ela está pública agora, porque eu também não ia sustentar isso. Estou atendendo uma determinação contrariada, mas agora nós vamos ver o que a estadual vai decidir e a nacional.

O senhor disse que foi vítima de racismo estrutural?

Do Carmo: Na minha concepção, é. Porque, quando a pessoa faz uma carta para a executiva nacional, dizendo que, politicamente, eu não viabilizei. Espera aí, eu tinha aqui 12%, 15% nas pesquisas, eu fiz a chapa mais votada na última eleição, sou deputado eleito. Todas as pessoas que ele apoia são pessoas brancas, e nunca chegou em mim para falar o motivo, porque não iria outra coisa, eu não queria o apoio dele. Eu só não queria interferência, me deixasse trabalhar como eu fiz até agora. E é irresponsável, no dia 18 de junho, fazer uma carta para desestabilizar emocionalmente e fisicamente todos os nossos partidos, todos os nossos vereadores, e estragar o processo político da cidade de Maringá. Eu tenho absoluta certeza, se nós estivéssemos vivos nesse processo, a cidade teria um segundo turno. Hoje eu já não sei mais.

Atulizado às 17h47: A reportagem entrou em contato com a assessoria do senador Sérgio Moro que explica em nota que ética e honestidade são fundamentais. Veja na íntegra.

Ética e honestidade são fundamentais. Por isso, não permitirei que em minha cidade meu partido tenha um candidato sob o qual recaem suspeitas de conduta criminosa.

A verdade é que o deputado Do Carmo foi acusado de ter extorquido sacoleiros e receber suborno à época que integrava os quadros da Polícia Militar.

Após apuração, a Comissão Disciplinar da PM concluiu por expulsar Do Carmo – que se desligou da corporação antes da penalidade.

Essa é a única razão de minha atitude contrária à candidatura deste cidadão.

Reafirmo meu compromisso com Maringá, com o Paraná e com o Brasil em prol da moralidade e integridade.

Ouça a reportagem completa na CBN Maringá. 

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