Presidente da Câmara de Maringá convoca entrevista, não permite participação do Copejem e chama ACIM de ‘panelinha’


Por Redação GMC Online
Foto: Geovan Petry/CBN Maringá

O presidente da Câmara de Vereadores de Maringá, Mário Hossokawa, convocou uma entrevista coletiva para esta terça-feira, 6, para falar sobre a proposta de aumento dos atuais 15 para 23 parlamentares. A reunião, que estava marcada para ocorrer no plenário, foi transferida para a sala da presidência, pois havia pessoas ligadas à Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM) que queriam ouvir o que Hossokawa tinha para falar. Porém, essas pessoas foram impedidas de entrar.

O presidente do Conselho Permanente do Jovem Empresário de Maringá (Copejem), ligado à ACIM, Lucas Peron, explica que o desejo era manifestar a posição do Conselho ao presidente Mário Hossokawa. “Fomos mais ou menos em 15 conselheiros, e a ideia era a gente estar nessa coletiva de imprensa para entender. Chegando lá na Câmara a gente recebeu a informação de que não era um momento aberto, que seria só com o Mário e a imprensa mesmo, que a gente não poderia entrar. Junto com a gente lá também tinha algumas outras pessoas que foram lá se manifestarem contrárias ao aumento e a gente acabou tirando uma foto lá e fomos embora. Mas a gente como conselho da casa, como conselho jovem, entende na mesma linha que os associados responderam. Então somos contrários também ao aumento do número de vereadores”, diz.

Ainda segundo o presidente do Copejem, o entendimento é de que o aumento no número de vereadores vai gerar um custo extra muito grande. “Com assessor, reforma, os próprios vereadores, que podia estar sendo aplicado de alguma outra forma na nossa cidade, em áreas que hoje estão um pouco mais precárias, que a gente poderia melhorar outras e potencializar. Então essa é a visão que a Acim tem, a visão de defender o que o associado respondeu nessa pesquisa, e a gente como conselho jovem compartilha dessa mesma visão, e estamos juntos para nos manifestarmos contrários e apoiar a Acim nessa manifestação”, destaca.

A Câmara de Vereadores de Maringá informou que não autorizou a entrada de pessoas ligadas ao Conselho Permanente do Jovem Empresário de Maringá por se tratar de uma entrevista à imprensa.

Em coletiva, Hossokawa justifica a necessidade do aumento do número de vereadores

Na coletiva, Mário Hossokawa disse que aumentar o número de parlamentares não é um desejo dele, mas de todos os vereadores da atual legislatura. O presidente explicou que, nos anos de 1983 até 2004, a Casa contava com 21 vereadores, porém, uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) obrigou a diminuição, no caso de Maringá, para 15 cadeiras.

Em 2013, a cidade com mais de 400 mil habitantes poderia ter 23 representantes. Mario Hossokawa explicou que, atualmente, por conta deste crescimento populacional, existe a necessidade de aumentar a representatividade.

“Em Maringá, com 400 mil habitantes têm somente 15 representantes. Então, nós entendemos que aumentando a representatividade, vai fazer bem para a população e o benefício que vai vir vai ajudar muito a população, principalmente os mais carentes que necessitam da ajuda de um vereador”, explica.

Outra justificativa do presidente foi a dificuldade na formação de comissões dentro da Câmara por falta de parlamentares.

De acordo com dados da Câmara de Vereadores de Maringá, o orçamento para 2023 com os 15 parlamentares, contando despesas com quatro assessores para cada um, é de R$ 28.672.344,00. Com 23 vereadores, os gastos saltariam para R$ 36.161.931,96. Elevação de R$ 7.489.587,96.

Os dados preveem também o aumento dos salários brutos para os parlamentares dos atuais R$ 10.622,91 para R$ 15.193,35 mensais. O número não bate com o apresentado pelo Observatório Social de Maringá que analisou despesas com salários, 13º, férias e até contribuição patronal para o INSS, num total de R$ 16.557.886,70 de gastos a mais por ano.

A Associação Comercial e Empresarial de Maringá divulgou uma pesquisa em que 84,4% das pessoas que responderam o questionário são favoráveis à manutenção dos atuais 15 vereadores; 3,5% aprovam um aumento para 17 parlamentares; 4% para 19 vereadores; 1,5% para 21 parlamentares e 6,6% concordam em aumentar para 23 representantes. Cerca de mil pessoas responderam a pesquisa.

Questionado sobre esses dados, Mário Hossokawa, afirmou que a ACIM existe para representar a classe empresarial e não a população de Maringá.

“A associação que deveria representar a classe empresarial não está representando. Então acho que eles precisam cuidar daquilo que é responsabilidade total deles. Sabemos que a população não quer que aumente o número de vereadores quando é perguntado, mas os mesmos que afirmam serem contra não entendem como é o papel de um vereador”, ressalta.

Acim virou ‘panelinha’, diz presidente da Câmara de Maringá

Ainda durante a entrevista, o presidente da Câmara reconheceu o trabalho da ACIM, porém, disse que a Associação se tornou uma “panelinha”.

“Eles precisam ver a responsabilidade que eles têm perante a classe empresarial. Pelo contrário, ali virou uma ‘panelinha’, um indica o outro para ser o próximo presidente e continua aquela mordomia”, afirma.

A Associação Comercial e Empresarial de Maringá disse que não vai se posicionar sobre a fala de Mário Hossokawa.

Próximo passo

Se a proposta for aceita pela maioria dos vereadores, haverá a necessidade de uma ampla reforma na estrutura da Câmara de Vereadores para comportar 23 vereadores e 92 assessores. A primeira votação ocorrerá nesta quinta-feira, 8, a partir das 9h30.

Ouça na CBN Maringá.

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