A sessão na Câmara Municipal de Maringá foi marcada pelo tumulto, discussões e até briga. Na pauta da sessão, três projetos polêmicos: mais vereadores e aumento de salário
O primeiro item da pauta tratou do aumento no número de vereadores em Maringá, de 15 para 23, a partir da próxima legislatura.
O segundo projeto tratou da implementação do 13º salário e férias remuneradas para os parlamentares, que antes não recebiam.
E o terceiro projeto que aumenta o salário dos vereadores. O subsídio dos passará de R$ 10.622,91 para R$ 15.193,35, e de R$ 15.934,37 para R$ 22.790,03 no caso do presidente da Câmara.
Os três projetos foram aprovados em primeira discussão, com apenas um voto contrário, da vereadora Cris Lauer (PSC), que também foi a única que usou a tribuna para falar.
Mas as aprovações foram sob muita pressão da população que lotou o plenário. A sociedade civil organizada, liderada pela Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim), se mobilizou e esteve em peso no auditório da Câmara durante a sessão. Pessoas com faixas e vestidas com camisetas pretas, com a frase: “meu voto é não”. A população não se calou, com vaias e gritos, nem durante a leitura dos itens da pauta e durante a votação.
O clima esquentou com um grupo de pessoas a favor do aumento de vereadores, que estava em menor número no auditório. Houve briga e interferência dos seguranças. A sessão foi interrompida e a Polícia Militar foi acionada. A reportagem apurou que duas pessoas foram encaminhadas à delegacia por difamação e ameaça.
O presidente eleito da Acim, José Carlos Barbieri, disse que tentou diálogo com a Câmara, mas não houve conversa.
“A sociedade civil organizada está aqui, não só a Acim, mas várias entidades. A gente veio para observar se teríamos a possibilidade de conversar com os vereadores, são vereadores que fazem trabalhos muito importantes para a cidade, a gente precisa do trabalho deles. Mas, infelizmente, eles viraram as costas para toda a sociedade civil organizada, para todos os cidadãos que estavam aqui”, disse Barbieri.
Apesar do tumulto, os projetos foram aprovados e a sessão foi encerrada. O presidente da Casa, Mário Hossokawa (PP), não falou com a imprensa nesta quinta-feira, 8.
O vice-presidente da Câmara, Mário Verri (PT), disse que já esperava uma manifestação durante a votação. “Nós já sabíamos que seria assim, porque é natural e acho que tem que ser dessa maneira mesmo. Quanto mais a população participar, mais ela vai ver como que funciona a Câmara e também ver a necessidade de outras discussões. Infelizmente, hoje, nós não tínhamos nem espaço de discussão, porque tudo o que se falasse teria algumas pessoas questionando e é orquestrado. […] É diferente do que foi feito, a associação comercial veio, se manifestou e quando a votação foi rejeitada, da maneira que eles queriam, foram embora e é legítimo isso. Outras pessoas não, estão vindo na Câmara para tumultuar todo o sistema. A gente tem que saber que os vereadores são eleitos para representar e votar as leis e, nesse momento, os vereadores, a maioria, entendeu, que é necessário ter mais representantes a partir de 2025 e tem que ser respeitado isso também”, disse Mario Verri.
A vereadora Cris Lauer (PSC), única contrária aos projetos, disse que esperava que os demais vereadores tivessem explicado os projetos na tribuna.
“Sobre eu ser a única a usar a tribuna, até foi um questionamento assim que eu subi na tribuna, porque os vereadores não tinham feito a inscrição. Era o momento de eles explicarem para a população o porquê queriam aumentar. […] Eu sou contra porque eu já expliquei, já falei que bastam 15 vereadores focados com o mesmo propósito em fiscalizar o executivo e com projetos”, disse.
A tramitação do projeto que altera o número de cadeiras na Câmara é diferente. A segunda votação do projeto será no dia 19 de novembro. Já o projeto que aumenta o salário dos vereadores foi aprovado em segunda votação em sessão extraordinária, logo após o encerramento da sessão ordinária.