15 de abril de 2025

Trump intensifica guerra comercial com China

Presidente dos EUA aposta em tarifas elevadas e negociações rápidas para impulsionar economia americana


Por João Victor Guirado Publicado 12/04/2025 às 14h36
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Na quinta-feira, 10, o presidente Donald Trump e seus principais conselheiros comerciais abriram as portas da Casa Branca para conversas com representantes de mais de uma dúzia de países.

A movimentação visa alcançar acordos bilaterais que possam trazer investimentos e redução de barreiras comerciais para os Estados Unidos. Um funcionário da Casa Branca afirmou que os primeiros resultados devem surgir em poucas semanas.

As negociações ocorrem em meio a uma escalada na guerra comercial entre os EUA e a China, que não apresenta sinais de desaceleração. Mesmo assim, segundo fontes da administração, os encontros iniciais foram considerados produtivos, com países demonstrando disposição em colaborar para evitar o impacto das tarifas recentemente impostas por Trump.

Tarifas sobre produtos chineses aumentam para 145%

A tensão comercial com Pequim se intensificou logo após as 11h da quinta-feira, quando a Casa Branca anunciou que as tarifas sobre produtos chineses subiriam para 145%, superando os 125% anteriormente divulgados por Trump.

Apesar da pressão dos mercados e das dúvidas de investidores, a equipe do presidente se manteve firme em sua abordagem agressiva.

Um alto funcionário da Casa Branca, sob condição de anonimato, afirmou que a situação é “sensível” e evitou detalhar um plano claro de saída do impasse com a China. A administração Trump vê o país asiático como prioridade máxima em sua política comercial, ainda que negociações com outros países estejam em curso.

S&P 500 cai após reação negativa dos mercados

Os mercados financeiros reagiram com cautela à postura dura de Trump. O índice S&P 500 perdeu cerca de um terço do ganho obtido no dia anterior — o maior desde 2008 — refletindo a insegurança dos investidores diante de uma possível prolongação do confronto com Pequim.

Além disso, as tarifas básicas de 10% mantidas na quarta-feira sobre a maioria das importações norte-americanas representam o nível mais alto imposto em gerações.

Ainda assim, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, defendeu a estratégia em uma reunião de gabinete televisionada, dizendo que a abordagem disruptiva do presidente “trará resultados rápidos para os contribuintes americanos”.

Europa mostra frustração, mas mantém tom diplomático

Os principais parceiros comerciais dos EUA têm adotado um tom cauteloso nas declarações públicas, temendo represálias do presidente norte-americano. No entanto, a frustração ficou evidente na quinta-feira, especialmente por parte da União Europeia — maior parceiro comercial dos EUA.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, comentou no X (antigo Twitter):

“Tarifas são impostos que apenas prejudicam empresas e consumidores. É por isso que defendi consistentemente um acordo de tarifa zero entre a União Europeia e os Estados Unidos.”

Apesar das críticas veladas, von der Leyen também elogiou a decisão de Trump de pausar temporariamente as tarifas, chamando-a de gesto positivo no contexto da “crise atual”.

Trump aposta em agilidade para fechar acordos

Segundo o presidente, os EUA estão em contato com cerca de 75 países interessados em estabelecer acordos comerciais. Durante a reunião de gabinete, Trump afirmou:

“O maior problema que eles têm é que não têm tempo suficiente no dia. Todo mundo quer vir e fazer um acordo.”

Um alto funcionário da Casa Branca garantiu que os primeiros acordos devem ser fechados “nas próximas semanas”, reforçando que a administração não espera que leve mais de um mês para apresentar os primeiros resultados.

Com informações da Folha de S. Paulo.

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