Suspeito de matar família em Umuarama tinha histórico de agressões contra a mulher, diz delegado


Por Monique Manganaro
Foto: Reprodução

A Polícia Civil de Umuarama continua trabalhando na investigação das mortes de três pessoas de uma mesma família, cujos corpos foram encontrados na manhã desta segunda-feira, 9. Pai, mãe e filha foram localizados já sem vida, com ferimentos de faca, dentro da casa onde moravam, em Umuarama. Na noite desta segunda, após a prisão do empresário Jean Michel de Souza, principal suspeito do crime, o delegado Gabriel Menezes deu detalhes sobre as pistas coletadas pela investigação que levaram à prisão em flagrante do suspeito. 

Souza era marido da advogada Jaqueline Soares, de 39 anos, que foi encontrada morta junto com os pais, Antônio Soares dos Santos, de 65 anos, e Helena Maria Marra dos Santos, de 59 anos. 

De acordo com o delegado do caso, o suspeito já tinha um histórico de agressões contra a mulher. “Nós temos relatos de que ele já teria agredido ela [Jaqueline], que ele já tinha um histórico de agressões. Inclusive, ela queria até mesmo se separar dele por causa disso”, explicou Menezes.  

São a partir desses indícios que a polícia trabalha. Segundo o delegado, ainda não é possível descartar nenhuma hipótese sobre a real motivação do crime. O casal, conforme apurou a investigação, mantinha negócios juntos e, por isso, uma intenção patrimonial deve ser investigada. No entanto, os indícios mais fortes mostraram que a relação entre os dois era conturbada e ele tinha um comportamento possessivo em relação a ela. 

“Ele era muito ciumento. Inclusive, agressões passadas teriam essa motivação. Por isso, nós trabalhamos nessa linha”, detalhou. 

Após a perícia na casa da família, a polícia conseguiu identificar que os assassinatos aconteceram na noite de domingo, 8, por volta das 22h. Para o delegado, alguns elementos colhidos na cena do crime indicam que o suspeito já estava “preparando” a ação. “Não é possível afirmar categoricamente que ele já estava premeditando, mas quando ele saiu à noite [foi] sem o celular dele, possivelmente tentando evitar o rastreio desse celular, uma identificação da rota que ele percorreu naquele momento. Isso, para nós, é um indicativo de que ele saiu da residência com a intenção de praticar esse crime”, afirmou. 

Menezes também destacou o comportamento estranho do suspeito constatado pelos investigadores. Segundo ele, quando teve o primeiro contato com a polícia, Souza explicou que soube das mortes pela imprensa. No entanto, as reações dele mesmo sabendo da morte da mulher e dos sogros causaram estranheza nos investigadores. 

“Ele estava tranquilo. Não apresentou nenhum sinal de estar consternado ao saber que a esposa, o sogro e a sogra estavam mortos. Posteriormente, ele foi levado à residência onde os fatos aconteceram. Havia muito sangue no local, ele presenciou toda essa cena, e em nenhum momento ele demonstrou qualquer abalo emocional”, afirmou o delegado. 

O laudo dos peritos que trabalharam no local ainda não foi divulgado e, por isso, não é possível determinar quantos golpes de faca cada uma das vítimas recebeu. No entanto, segundo o delegado, foi possível verificar que a filha do casal tinha maior quantidade de ferimentos. 

“O casal, os sogros [do suspeito], apresentam uma quantidade menor de ferimentos. A perícia constatou nela, que era esposa dele, uma quantidade muito maior de ferimentos, o que indicaria que ela era, de fato, o alvo das agressões dele e muito provavelmente ele matou os pais porque eles levariam isso ao conhecimento da polícia e ele seria preso”. 

Jean Michel de Souza foi preso na noite desta segunda-feira e levado à delegacia de Umuarama. Para o delegado Gabriel Menezes, as provas coletadas até o momento são suficientes para manter o suspeito preso. Entre outras pistas, a perícia encontrou marcas de sangue no carro e na casa dele, além de um chinelo que Souza usava no domingo, cuja marca compatível foi encontrada na cena do crime. 

A reportagem entrou em contato com o advogado do suspeito. Ele afirmou que não vai se pronunciar.

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