31 de março de 2025

Tatiana Rosito: Presidência brasileira dos Brics não tem como objetivo desdolarização


Por Agência Estado Publicado 24/03/2025 às 19h17
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A secretária de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, disse nesta segunda-feira, 24, que a presidência brasileira do Brics não tem como objetivo promover uma desdolarização ampla da economia global. Segundo ela, qualquer iniciativa de aumento das transações financeiras entre os países do Brics em moedas locais ainda representaria porcentual muito baixo do comércio mundial.

“Nós estamos falando de porcentuais baixos e de iniciativas para reduzir custos nas transações financeiras, que não visam a desdolarização. Não é nenhum movimento abrupto nessa direção. É mais uma continuidade da agenda que já existia”, disse a jornalistas

Ela havia sido questionada se o modus operandi de represálias do governo Donald Trump, nos Estados Unidos, poderia arrefecer a cooperação dos países do Brics nesse sentido. Trump já ameaçou aplicar tarifas de 100% sobre países do grupo, caso criassem uma moeda própria em substituição ao dólar em seus negócios.

Rosito reiterou que não está, nem nunca esteve em discussão no grupo, a criação de uma moeda própria, e que tudo se resume ao aumento do uso das moedas locais nas transações intrabloco.

“Moeda única não está em pauta. Não há discussão formal sobre moeda única. O que existe são movimentos para incentivar a utilização de moedas locais”, disse.

Ela reconheceu as expectativas de países fundadores do bloco, como a China, de ver sua moeda, o renminbi, ser mais usada em seu próprio comércio, visto que hoje só responde por 30% das transações, na maior parte das vezes com outros países asiáticos.

A discussão sobre maior uso de moeda local está dentro do primeiro dos seis objetivos da trilha de finanças da presidência brasileira, apresentado como “facilitar o comércio e o investimento entre os Brics” com a meta de reforçar a integração econômica dos países do grupo por meio de “inovações nos sistemas de pagamento bilaterais e multilaterais e de uma melhor interoperabilidade dos mercados financeiros”.

“A discussão tem foco em diminuir custos de transações para os países Brics e, também ampliar o uso de tecnologias à medida que a infraestrutura de sistemas de pagamentos evolui. Isso tem acontecido muito rapidamente no mundo e também no Brasil”, disse, citando também novos meios de pagamentos, como moedas digitais, caso do Drex, e compartilhamento de experiências como a do Pix no Brasil. Rosito afirmou, porém, que estes são assuntos da alçada do Banco Central.

Segundo ela, há um potencial inexplorado no comércio entre os países do bloco, que já respondem por 25% das exportações globais – sendo que a China sozinha responde por “14% ou 15%” – e 20% das importações. Hoje, compõem o Brics os cinco fundadores (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), além dos novos integrantes Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Etiópia e Indonésia.

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