Winny, Faylla…conheça maringaenses que têm nomes incomuns

No Brasil, já é possível mudar de nome diretamente em um cartório de registro civil, sem precisar recorrer à Justiça. Isso porque, em junho deste ano passou a valer a medida que alterou a Lei de Registros Públicos, de 1973, com a sanção da Lei 14.382/2022. Agora, qualquer cidadão maior de 18 anos ou bebês com registro de até 15 dias podem solicitar a mudança sem explicar o motivo.
Até então, era necessário entrar com ação judicial para que a alteração do prenome fosse aceita, mesmo em casos de situações vexatórias ou de constrangimento. A legislação anterior também estabelecia que a alteração só poderia ser solicitada entre os 18 e 19 anos de idade.
Mas, na contramão daqueles que gostariam de mudar o nome, há os que não o trocariam por nenhum outro. E o motivo é justamente por serem nomes nada convencionais. O GCM Online conversou com moradores de Maringá com nomes incomuns – conheça as histórias.
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MAXINE

‘Soberana’ é o significado do nome Maxine, do policial militar e personal trainer de 33 anos, de Maringá. O nome foi dado pela mãe, e já era a primeira opção. A pronúncia é ‘Maquicine’, mas Max, como é chamado pelos amigos, conta que costumam pronunciar ‘Machine’ e ‘Maximine’. “Às vezes falo (informalmente) que me chamo Max pra evitar ter que repetir Maxine. Mas se é necessário falar o nome completo, eu falo, sem problemas”, diz.
Ele conta que já quis se chamar Max, e agora isso deverá tornará realidade. Isso porque, Maxine passa atualmente por uma transição e está alterando tudo para o masculino. “E pelo que pesquisei, o masculino seria “Max”, que significa “O maior e melhor”, “Aquele que é superior”. Mas eu ainda prefiro Maxine e imagino “Soberano”, devido a achar “Max” muito comum entre os norte americanos. Já me falaram que “espiritualmente” significa “espírito ensinável”, mas eu levo mais em consideração o primeiro” explica.
Ele conta que já passou por diversas situações engraçadas envolvendo seu nome, já que “geralmente tudo o que foge a Maxine vira piada”.
“As vantagens são que as pessoas memorizam, por ser diferente. Eu lido com meu nome internalizando o significado dele e levando pro que eu tento ser”.
WINNY

Quem escolheu o nome da Winny Gabriela Luz Costa, de 26 anos, foi o pai, inspirado em Winnie Mandela, uma ativista e política sul-africana e segunda esposa de Nelson Mandela.”Winny sempre foi a primeira opção, porém era pra ser Winny Rafaela, mas no último momento foi mudado para Winny Gabriela”, conta.
Filha única, somente ela na família tem o nome diferente. Ela conta que o significado de Winny é “amante ou amigo da paz”, “reconciliação abençoada”, e que o nome está relacionado ao zelo pela amizade, à dedicação a essa relação capaz de a tornar forte como uma pedra.
A pronúncia errada é comum, e trocar o nome também. Ela conta que costuma ser chamada de Aline, Vine, Willy e Ini. Mas ela ensina: a pronúncia correta é Uini. Normalmente, as pessoas ainda acham que o nome é na verdade, masculino. “Porém, nunca me importei pelo fato de não acertarem meu nome de primeira”.
Sobre as vantagens de ter um nome diferente, ela diz que consegue ser a única entre todos os habitantes e lugares em que vai.
“Eu amo ter um nome diferente, me sinto exclusiva e rara por onde eu passo .. e pelo fato das pessoas comentarem que nunca havia conhecido uma “Winny” e sempre ouço “Você é a primeira Winny que eu conheço”.
RANDY

Randy Lucas Fusieger é jornalista e tem 27 anos. “De acordo com o que eu já pesquisei, a origem do nome é húngara e significa “lobo com um escodo”, algo como um animal mais silvestre que consegue se defender dos desafios que encara. Acho que é mais ou menos isso”, conta.
O responsável pela escolha do nome foi a mãe, que já tinha Randy como primeira opção.
“Desde quando meus pais souberam que era um menino, decidiram colocar este nome mesmo. Eles não pensaram em muitas opções de nome, na verdade, pois até meu nascimento foi meio engraçado: depois do nascimento do meu irmão do meio (somos em 3 filhos homens), meu pai fez o procedimento de vasectomia. No entanto, o organismo dele não reagiu conforme o esperado e pela cirurgia ter sido feita no modelo de amarração (com fio), o organismo dele absorveu esse fio, e daí minha mãe acabou engravidando e eu nasci”, conta.
Um dos irmãos, inclusive, também é dono de um nome nada convencional: Rauine. “Só o mais velho, que chama Jhonny, que tem o nome mais comum. Eu e Rauine sempre fomos os que tinham os nomes mais diferentes”.
Em situações como essa, ele acaba omitindo o nome e usando Lucas, seu segundo nome. “Em restaurantes que pedem o nome do cliente para chamar por ele quando o pedido ficar pronto, eu geralmente escolho colocar Lucas. É mais fácil pra mim, que não preciso soletrar meu primeiro nome, e pro atendente também que anota rapidinho e passa o pedido para a produção”, explica.
Sobre a pronúncia, ele explica que nos Estados Unidos seu nome é mais comum, então a pronúncia por lá é ‘Réndy’. “Mas aqui chama como se fala mesmo: Randy. Tipo Hand, de Handebol”, explica.
E ele também passa por algo frequente na vida de quem tem um nome incomum, que é ser chamado de forma errada e ter o nome escrito de maneira incorreta. “O que mais escrevem é Rand ou Hand. Chamando, chamam de Rendy na maiorias das vezes, mas já foi chamado de Sandy também (da dupla Sandy e Junior)”, diverte-se. Além disso, todas as vezes que alguém escuta Randy pela primeira vez, ele passa por uma situação engraçada. “A pessoa faz cara de susto e pergunta “como?”, com cara de assustado(a), e daí eu geralmente vou e soletro o nome. Mas desconfortável, motivo de chacota ou brincadeiras, não, nunca zoaram muito meu nome”.
Randy não tem filhos, mas caso venha a ter, ele conta que apostaria em nomes mais comuns. “Gosto muito de Lucas, Matheus, Fernando… nomes tranquilos”, brinca.
A maior vantagem, para ele, é poder ser reconhecido exatamente pelo nome.
“Eu não conheço nenhum(a) outro(a) Randy, por exemplo. Tem até a vantagem engraçada, que é de ouvir “eu vou salvar seu contato só com Randy na minha agenda, porque com certeza eu não vou conhecer nenhum outro Randy, então é só você mesmo”.
Quando criança, ele se incomodava um pouco em ter que soletrar o nome, já que além de Randy ser diferente, ele tem um sobrenome de grafia e pronúncia pouco comuns. “Meu nome também é meio complicado, por ter origem alemã, se escreve Fusieger mas se lê “Fuziéguer”, não “ger”, o final é “guer” mesmo. Então falar meu nome completo sempre foi meio que um desafio por ter que explicar o nome. Isso me deixava meio pensativo tipo “poxa, se meu nome fosse menos complicado, seria melhor”. Mas isso passou, e hoje eu adoro meu nome!”
DJESSILA

“Meu sonho é descobrir o significado do meu nome, mas nem o Google encontra”. É o que conta Djessila de Souza Mauro, designer de interiores, de 32 anos. Diéssila, como se pronuncia, era a única opção que a mãe tinha como nome caso tivesse uma menina.
“Foi minha mãe, quando tinha 16 anos e nem estava com meu pai. Uma amiga da minha avó veio dos EUA com a filha, que chamava Djessila. Minha mãe amou esse nome, ficou encantada e disse que se tivesse uma filha colocaria esse nome. Meus pais casaram com 19 anos e logo minha mãe engravidou, com quatro meses de casados. Ela descobriu que seria menina somente no nascimento. Então meu pai escolheria o nome se fosse menino e minha mãe se fosse menina. Ainda bem que vim. Meu pai amou tanto o nome Djessila, que se fosse menino ele queria colocar Djelington. Então era o destino eu ter um nome diferente”, conta.
Apelidada de Djéssi, ela costuma mentir o nome, principalmente para pessoas mais velhas, que, segundo ela, têm mais dificuldade em pronunciar. “Eu falo que chamo Jéssica. Me surpreendo quando falam certo. A maioria trava na hora que vai falar meu nome, brinca.
Questionada se já passou por alguma situação engraçada ou desconfortável por causa do nome, ela conta que uma vez foi ao médico e uma moça chamava por alguém, mas não tinha a ver com o nome dela. “Eu lá esperando para ser atendida, até que passou o tempo e eu fui perguntar se ia demorar muito. Ela disse que eu já tinha sido chamada. Eu disse que não, que estava ali o tempo todo e falei meu nome. A moça ficou muito envergonhada porque ela simplesmente tinha falado meu nome errado”.
Ainda assim, ela garante que nunca pensou em mudar de nome. Considera Djéssila forte e autêntico.
“Eu amo, acho que meu nome combina comigo. Acho super legal. Por exemplo, minhas redes sociais, e-mails, sempre que vou criar uma conta meu nome está livre, e se alguém fala de mim todo mundo já sabe quem é”.
FAYLLA

Até hoje, aos 35 anos, ela também não sabe o significado do nome. Chamada de Fay, teve o nome Faylla Cristina Siqueira de Amorim escolhido pela mãe. Ela conta que já passou por fases em que teve vontade de ter um nome comum. “Como Bruna, Camila…mas tenho o segundo nome”, brinca, se referindo ao se segundo nome, Cristina.
Mesmo assim, ela nunca pensou em mudar de nome, e nunca mentiu dizendo que tinha outro nome. “Geralmente não acreditam que meu nome é esse. Sempre falam errado, mas o que mais ouço é Sayla”.
“A vantagem é de ser única e de sempre ser lembrada por isso. Quando eu era criança achava ruim, mas depois vi que tem gente com nome pior”, brinca.
RACQUELINE

Jaqueline e Raquel são os nomes mais frequentes pelos quais a pilotista Racqueline Catanio Tavares, de 33 anos, é chamada. Mesmo com outras possibilidades de nomes, a mãe dela optou por Racqueline, que tem origem espanhola e portuguesa. Conhecida por Raque, ela nunca teve vontade de ter outro nome e nem costuma inventar outros nomes.
“Eu gosto. As pessoas acabam lembrando com mais facilidade”.