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23 de novembro de 2024

Zeladora da madrugada no Cemitério de Maringá tinha medo de assombração


Por Fábio Guillen Publicado 20/11/2020 às 17h46 Atualizado 26/02/2023 às 08h31
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Márcia Maria de Souza trabalhando feliz e realizada profissionalmente durante a madrugada no Cemitério de Maringá – Foto: Arquivo pessoal

Dona de uma simpatia incomparável e de sorriso fácil, Márcia Maria de Souza, de 48 anos, trabalha alegre e motivada nas madrugadas do Cemitério Municipal de Maringá. Sempre maquiada, cabelo escovado e com a autoestima lá em cima, ela chega para trabalhar como zeladora, às 18h e fica até às 6h do dia seguinte. 

Márcia trabalha no Cemitério Municipal de Maringá há 9 anos, já foi coveira inclusive, mas atualmente está no cargo de zeladora. Ela disse que desde que entrou para o cargo nunca viu nada de anormal. 

“Nunca tive medo nesse tempo trabalhando aqui. Às vezes os coveiros falam algumas coisas, umas histórias diferentes, mas tenho muita fé em Deus e nunca vi nada de anormal. Nunca ouvi barulho estranho, nunca vi nada, nunca encontrei a loira do banheiro [risos]”, contou Márcia ao GMC Online com uma enorme gargalhada. 

Mas, nem sempre foi assim. Antes de trabalhar no Cemitério Municipal de Maringá, Márcia tinha muito medo de cemitérios e velórios. Não passava perto de um corpo por nada. Tinha medo, inclusive, de assombração. Mas, agora, até assiste filmes de terror e consegue trabalhar normalmente. 

“Eu tinha medo do morto, medo de cemitério, de aparecer uma assombração. Um medo normal. Era só um medo porque ouvia muitas histórias estranhas. Quando entrei no cemitério foi um desafio, mas nos primeiros dias já vi que eram só histórias. Não tem nada lá gente. É uma paz trabalhar de madrugada. Um silêncio absoluto. É muito escuro dentro do cemitério e nunca vi nada. Eu amo filmes de terror e imaginei muitas situações, mas graças a Deus nunca vi nada. A vida real é diferente do filme”, disse a zeladora.  

Márcia atualmente é solteira, tem dois filhos, uma mulher de 19 anos e um homem de 26 anos. Ao longo do dia ela faz alguns serviços complementares, como diárias, e cuida da casa. Durante a noite e a madrugada se dedica a manter o cemitério limpo para o dia seguinte. 

“No cemitério eu lavo os banheiros do pátio, da secretaria, limpo os vidros, o chão e mais uma porção de coisas. É o melhor lugar para se trabalhar. Trabalho feliz e cantando até na escuridão às vezes. Tenho medo não. Se aparecer alguma coisa ou eu vou cair dura ou vou sair correndo [risos]”, contou Márcia. 

Márcia Maria de Souza trabalhando na limpeza da cidade – Foto: arquivo pessoal

Zeladora gostou tanto do cemitério que decidiu morar em frente 

Márcia Maria de Souza superou tanto o medo de adolescência que tinha do cemitério que decidiu morar em frente ao local. Para trabalhar ela só atravessa a rua e já está no serviço.

“Moro em frente ao cemitério só para você ver o tanto que tenho medo [risos]. Se as pessoas soubessem a paz que é esse lugar não teriam medo. A gente precisa ter medo é de gente viva e não de gente morta [gargalhada]”, comentou.

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