‘Trata-se de um criminoso sexual em série’: polícia conclui inquérito que apura denúncia contra ginecologista de Maringá
A Delegacia da Mulher de Maringá concluiu nesta quarta-feira, 20, o inquérito que investiga denúncias contra o médico ginecologista Hilton Cardim.
O médico está preso desde o dia 11 deste mês na Casa de Custódia de Maringá. Ele foi denunciado por abuso sexual contra pacientes. No total, 43 supostas vítimas prestaram depoimento à Delegacia da Mulher.
O médico foi indiciado pelo crime de violação sexual mediante fraude praticado por 34 vezes. A diferença entre os números é que algumas vítimas relataram crimes que teriam ocorrido antes de 2011 e por isso estão prescritos. Os depoimentos detalham uma prática reiterada de crimes, com vítimas de 1998 a 2023.
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O delegado titular da Delegacia da Mulher Dimitri Tostes e a delegada adjunta Paloma Batista falaram sobre o caso em entrevista coletiva. “Essa investigação começou por volta do mês de agosto do ano passado. A gente concluiu ontem (quarta-feira), na parte da noite, enviando o inquérito policial à justiça. Segundo apurado através de declarações, depoimentos das vítimas, prova documental…esse médico, em tese, praticou 34 vezes o crime de violação sexual mediante fraude. Segundo a polícia trata-se em verdade de um criminoso sexual em série, e como todo crime em série ele é marcado por um padrão. Em relação aproximadamente 95% dessas vítimas ele adotou o mesmo modo de operação, ou seja, elas procuravam ele para um atendimento ginecológico ou mesmo por problemas relacionados à gravidez, depois ele sugeria a elas um exame de auscultação… ele dava início a esse exame se posicionando atrás dela, quando então ele dava início também aos devaneios sexuais dele”, disse o delegado.
Paciente trocou mensagem com o médico
Além de depoimentos de vítimas e de testemunhas, o inquérito inclui uma mensagem de texto trocada por uma paciente e o médico, logo após a consulta. Na mensagem, a paciente se diz indignada com o comportamento do profissional, que desconversa. “Quando a vítima sai do consultório, ela indignada com o que ela sofreu, com a violência, ela manda uma mensagem para ele falando que não gostou do comportamento, e ele responde que não, que isso não tinha acontecido…ele desconversa“, relata a delegada.
Duas vítimas não eram pacientes do médico
Entre as vítimas cadastradas estão duas que não eram pacientes do médico. “Também apuramos um crime de assédio sexual que foi cometido contra uma ex-funcionária da clínica, em que ele se valendo da posição que ocupava ele constrangia aquela mulher a manter relação sexual com ele sob pena de demiti-la, então isso também foi apurado no inquérito, entretanto esse delito está prescrito, pela data em que ele foi praticado. Também a gente apurou uma contravenção penal que foi praticada dentro de um ônibus alguns anos atrás, uma vítima trouxe aqui também essa informação para a investigação, que ele teria tentado atos libidinosos ali contra ela, só que também essa contravenção penal está prescrita“, explicou a delegada.
Ministério Público irá analisar o inquérito
O inquérito será entregue ao Ministério Público que vai analisar se oferece ou não denúncia contra o médico.
A pena para o crime de violação sexual mediante fraude é de 2 a 6 anos de prisão, que neste caso poderá ser somada 34 vezes.
Caso a Delegacia da Mulher seja procurada por novas supostas vítimas, um novo inquérito poderá ser aberto.
Defesa
A CBN está tentando contato com a defesa do médico.