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23 de novembro de 2024

1996: a paz política 


Por Reginaldo Dias Publicado 16/09/2024 às 09h11
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Jairo Gianoto | Foto: Reprodução/Galeria de Prefeitos Prefeitura de Maringá

Hoje a nossa máquina do tempo nos leva a 1996. Vou narrar como Jairo Gianoto foi eleito prefeito de Maringá, hasteando a bandeira da paz política.

Em 1996, nove candidatos se apresentaram para disputar a prefeitura. A partir do resultado das urnas, é possível dividir o elenco em três blocos.

Um bloco foi composto por quatro candidatos que chegaram ao final com votação aproximada de 1%: o engenheiro Antônio Picoli (PV), o ex-deputado Nilton Servo (PAN), o empresário Ary Jacomossi (PL) e Assendino Santana (PRP).

O segundo bloco incorporou o candidato do PT, o advogado José Claudio Pereira Neto, e o médico e vereador Antônio Carlos Pupulin (PMDB), que obtiveram cerca de 8%.
No bloco de cima, situaram-se os três candidatos que, efetivamente, disputaram a cadeira do prefeito.

Depois da promissora campanha a prefeito de 1992, o promotor de Justiça Joel Coimbra foi eleito deputado estadual. Em 1996, novamente candidato pelo PDT, era tido como um dos favoritos a suceder o prefeito. A pedido do governador Jaime Lerner, o prefeito Said Ferreira apoiou Joel Coimbra.

O grupo do deputado federal Ricardo Barros apresentou, pela legenda do PFL, a candidatura do engenheiro Silvio Barros. Por fim, o empresário e secretário municipal Jairo Gianoto foi o candidato do PSDB.

Na primeira metade da campanha, Joel Coimbra largou na frente, seguido por Silvio Barros. Parecia que a campanha seria decidida pela disputa dos candidatos apoiados pelos dois últimos prefeitos, Said Ferreira e Ricardo Barros.

Não foi isso, porém, o que ocorreu. Articulando um perfil alternativo a essa polarização, Jairo Gianoto cresceu na reta final e foi eleito com 36% dos votos. Obtendo 23% dos votos, Silvio Barros chegou em segundo lugar. Joel Coimbra foi o terceiro colocado, atingindo 21%.

Para medir a qualidade da disputa, cabe constatar que, entre os cinco primeiros colocados, estava o presidente da Câmara Municipal, o vereador Pupulin, estavam os dois próximos prefeitos, José Claudio e Silvio Barros, sem falar que Joel Coimbra seria o Procurador Geral do Estado no segundo mandato do governador Jaime Lerner.

A vitória de Jairo Gianoto se explica por uma estratégia bem elaborada e bem realizada.

Primeiramente, para compensar a falta de lastro eleitoral, o candidato atraiu um vice bom de voto, o deputado Marquinhos Alves.

Depois disso, apesar de ter sido integrante do secretariado de Said Ferreira, Jairo Gianoto defendeu a necessidade de uma terceira via. Identificando que o eleitorado estava saturado da acirrada disputa entre Said Ferreira e Ricardo Barros, Gianoto apresentou-se como alternativa ao conflito, elaborando um símbolo fácil de entender: a bandeira branca da paz política.

Por fim, como arremate, ainda tirou um coelho da cartola, apresentando uma proposta com ótimo potencial de arregimentação de votos, o passe do estudante.

Ouça o episódio:

Baixe o livro “Da Arte de Votar e Ser Votado: As Eleições Municipais em Maringá

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