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14 de dezembro de 2025

Queijarias de ouro: melhor queijo do Paraná é da região


Por Brenda Caramaschi Publicado 20/07/2025 às 13h41
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O ouro do queijo mussarela nozinho da Queijaria Delícias Beni veio acompanhado do reconhecimento como o melhor queijo do Estado. / Foto: Arquivo Pessoal Elzilene Dornele Alegre

Das 165 medalhas conquistadas pelos queijos paranaenses no concurso Queijo Brasil, uma se destaca: o ouro do queijo mussarela nozinho da Queijaria Delícias Beni, de Jandaia do Sul, veio acompanhado do reconhecimento como o melhor queijo do Estado. A empresa familiar também levou para Jandaia do Sul a medalha de ouro para o queijo requeijão de corte, e a de bronze para o queijo tipo parmesão e a manteiga artesanal. Na edição do ano passado os queijos mussarela nozinho, requeijão e o minas frescal foram premiados com medalhas de prata.

A proprietária, Elzilene Dornele Alegre, combinou no nome da empresa os nomes dos filhos, Benício e Nicolas. A queijaria nasceu de uma guinada profissional, em 2019. “Eu trabalhava como auxiliar administrativa em um escritório de contabilidade, mas sempre tive um sonho de viver no campo.  Mesmo sem vaca, eu comecei a fazer curtos de produção de queijo e manejo de animais. Com o tempo, comprei minhas primeiras vacas, pedi demissão e mudei com a família para o sítio, que era a herança do meu esposo. Nós construímos a queijaria do zero, com muito esforço. Fizemos uma edicula simples para morar e investimos tudo na agroindústria. Meu marido deixou o emprego também para cuidar do manejo dos animais e faz todas as entregas da queijaria.  E até nossos filhos, um com 15 anos e o outro com 9, também participam. O meu mais velho faz as ordenhas da tarde e o mais novo sonha em ser veterinário”, conta. 

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Elzilene Dornele Alegre deu uma guinada abraçar a vida rural para produzir queijos artesanais. / Foto: Arquivo Pessoal Elzilene Dornele Alegre

Ao abraçar a vida rural para produzir queijos artesanais de qualidade, ela investiu na diversificação, além da mussarela de nozinho,  que levou o título de melhor queijo do Paraná, também produz requeijão de corte, queijo coalho, meia-cura,  minas frescal, parmesão, além de manteiga, iogurte e doce de leite. Ser considerada a melhor queijaria do Estado foi uma grande surpresa. “Foi uma emoção enorme,  um reconhecimento que a gente não esperava, mas que veio para confirmar o que estávamos no caminho certo. Tudo é feito com amor, dedicação e com união da nossa família. Para a gente, o queijo não é só um produto, é parte da nossa história e do nosso recomeço”, celebra Elzilene. Por enquanto, os queijos da queijaria que recebeu o título de melhor do Paraná só estão à venda em Jandaia do Sul.

Outros queijos premiados da região

O Paraná foi o segundo estado mais premiado no evento (ficou atrás apenas de Minas Gerais, que arrematou mais de 400 prêmios) e dos 47 ouros paranaenses, sete medalhas vieram para a região. Além de Jandaia do Sul, também conquistaram o topo queijarias de Cianorte e Maringá.

Dona Madalena

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Das seis medalhas da queijaria maringaense Dona Madalena, três foram de ouro. Foto: Arquivo Pessoal João Eduardo Gomes

Com três medalhas de ouro, a queijaria maringaense Dona Madalena tem raízes familiares. No concurso Queijo Brasil, a ricota,  queijo frescal e a straciatella, um queijo italiano feito com mozzarella desfiada e creme de leite, conhecido por ser o recheio da burrata, receberam o reconhecimento máximo. O negócio é de uma família pioneira no distrito de Iguatemi. 

“A família do meu pai chegou aqui em 1945, ele chegou em 1946 e estamos na mesma propriedade até hoje. Era uma família de cafeicultores, como a maioria das pessoas que vieram para cá, e como a maioria das pessoas aqui, todo mundo tinha uma vaquinha ou outra, e eles também tinham, para consumo próprio. No final da década de 1970, eles perceberam isso como um negócio e começaram a produzir mais leite. Coincidiu ali com o declínio do café. Por volta de 1985, já vendia bastante leite, aí fizemos um investimento maior, compramos vacas melhoradas geneticamente, com a genética mais adequada à produção de leite, e começou a aumentar a produção. Havia um excedente da produção e minha mãe fazia queijo, que ela tinha aprendido com a mãe dela”, conta João Eduardo Gomes, filho da Dona Madalena, que dá nome à marca. 

O queijo fresco, feito para o consumo da família, também começou a ser vendido. “A gente estava em idade escolar. Os professores pediam e a gente levava para eles comprarem. Então a gente sempre teve esse pé no negócio ‘queijo’, mas nunca foi o foco principal”, relembra. João foi estudar zootecnia e saiu da propriedade dos pais para trabalhar. O pai decidiu encerrar a produção leiteira e vender as vacas, enquanto o filho trabalhava para laticínios, prestando consultoria a produtores de leite e aplicando mais tecnologia nas propriedades. “Como fui aprendendo muito sobre a produção de leite, tinha vontade de voltar para o sítio, montar uma propriedade e viver da produção”, conta João Eduardo. 

Com a filha pequena e viajando demais a trabalho, ele cansou de ficar longe de casa e arrendou parte da propriedade do pai junto com a esposa. Voltou a produzir leite onde tudo a história tinha começado. “Comprei novilhas para que elas  parissem tudo na mesma época, porque eu sabia que quando eu estivesse tirando o leite, trabalhando exclusivamente com a propriedade, eu teria que ter um volume de leite considerável para poder pagar minhas contas. Acontece que um dos animais acabou adiantando a cria em dois meses e, como era um animal de genética muito boa, produzia muito leite para consumir e pouco leite para vender para o laticínio. Como eu sabia que minha mãe fazia queijo, falei ‘mãe, me ensina?’’’, conta o zootecnista. O queijo fez sucesso com os moradores do distrito, que conheciam bem a Dona Madalena, e foi daí que veio o nome do produto que virou carro chefe. 

Na pandemia da Covid-19, a esposa de João fechou a loja que tinha na cidade e começou a ajudar com as redes sociais da queijaria. “A gente começou a crescer muito durante a pandemia vendendo pelas redes sociais, que é a forma que a gente vende ainda hoje”, conta o dono da queijaria, que toca o negócio junto da mulher.  Ele faz a produção, ela organiza as vendas. Em 2023 o casal participou pela primeira vez do concurso Queijos do Paraná e conquistou duas medalhas, uma de prata e uma de bronze, com a burrata produzida no sítio, mas o resultado no concurso Queijos Brasil desse ano surpreendeu. 

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Nas tábuas, todos os queijos medalhistas produzidos pela queijaria Dona Madalena. / Foto: Arquivo Pessoal João Eduardo Gomes

“Todos os grandes do Brasil estavam nesse concurso. Todas as queijarias tradicionais, que sempre ganham medalha nos queijos, nos concursos mundiais, nacionais e internacionais, vários deles já ganharam prêmios fora do Brasil e participaram desse concurso como concorrentes. Inscrevemos oito produtos e ganhamos seis medalhas, e dessas, três medalhas de ouro. É uma validação de um jurado muito criterioso que valida o trabalho da gente e assim avaliza também a escolha dos clientes que trabalham com a gente, que gostam dos nossos produtos, compram. Muita gente gosta do trabalho que a gente faz e valida o nosso trabalho. E quando um jurado gabaritado ratifica isso com medalhas é bastante satisfatório para nós”, comemora João.

Queijaria Zanetti

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Queijaria Zanetti, de Maringá, conquistou sete medalhas; o ouro ficou com o doce de leite zero lactose. / Foto: Arquivo Pessoal Eliane  Zanetti

A Queijaria Zanetti, única que representou Maringá no concurso Queijos do Paraná em 2025, trouxe sete medalhas do Queijos Brasil – uma de ouro, cinco pratas e um bronze. O posto mais alto ficou com o doce de leite zero lactose. A família produz queijos desde os anos 1980 e há alguns anos começou a trabalhar com os derivados de leite sem lactose. 

“A gente viu que era uma demanda. Muitas pessoas pediam e muitos clientes que a gente já tinha, clientes de muitos anos, estavam com intolerância e não podiam mais consumir o queijo. Então foi o nicho de mercado que a gente resolveu explorar, conta Eliane  Zanetti, que trabalha com os pais, Mário e Cida, há mais de 15 anos, na propriedade que fica na Estrada Centenário. 

“Fiz uma parceria com umas alunas da Universidade Estadual de Maringá. Eu cedi o leite e o espaço para que elas fizessem as análises, estudos de mestrado e doutorado, e a contraponto elas fizeram as análises para mim do queijo sem lactose, tudo com o acompanhamento dos professores da UEM, dos orientadores. E aí eu comecei a fabricar o queijo zero lactose. Comecei com o queijo, depois eu comecei a fazer também a ricota,  depois disso começamos a fazer o queijo meia cura,  partimos aí para o requeijão cremoso e a última criação é o doce de leite zero lactose”, enumera Eliane, que se diz surpresa com o ouro para o novo produto. “Principalmente por ser produção artesanal.  Ele é um doce bem difícil de se fazer, ele é muito mimoso, muito delicado. Eu levei para o concurso, tanto ele quanto o da linha tradicional e os dois vieram premiados. O zero lactose veio com medalha de ouro e o tradicional veio com medalha de prata. Foi a primeira vez que foi para concurso, porque nos anteriores não tinha categoria para ele,  aí esse ano abriram mais categorias para derivados de leite. Eu comecei a produzir em setembro do ano passado”, relembra. Os produtos da Queijaria Zanetti são vendidos na Feira do Produtor.

Arteijo

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Arteijo, de Cianorte, faz parte da Rota do Queijo e levou ouro pelo parmesão produzido na “capital do vestuário”/ Foto: Arquivo Pessoal Raquel Piornedo Lopes

Um dos grandes incentivos para a produção de queijos no Paraná foi a criação em 2021 da Rota do Queijo, que passou a integrar o turismo rural, tendo a produção e a divulgação do queijo artesanal como principais atrativos. A Arteijo, de Cianorte, faz parte dessa rota e ganhou medalha de ouro pelo queijo parmesão produzido ali. Raquel Piornedo Lopes, filha e neta de produtores rurais e casada com Ronaldo José, que tem o mesmo histórico familiar. Juntos, produzem queijo artesanal desde 2017 e colecionam medalhas do concurso Queijo Brasil há três anos consecutivos e hoje fomentam o turismo rural na propriedade. 

“Nós temos um espaço onde nós servimos café rural,  fazemos alguns eventos programados e a gente trabalha também com locação para aniversários, casamentos. Então é uma propriedade que está aumentando aos poucos a movimentação e o público está procurando conhecer.  A gente recebe excursões,  tudo voltado para o turismo rural. Meu marido é produtor de leite e eu sou a mestre queijeira daqui e esse reconhecimento é maravilhoso porque as pessoas ouvem,  ficam sabendo que nós temos uma queijaria que recebeu prêmio e isso traz bastante procura de novos clientes”, comemora Raquel. 

Confira AQUI a listagem de todos os queijos premiados.

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