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06 de dezembro de 2025

Teste de R$ 10 criado pela Unesp identifica adulteração de bebida por metanol em 15 minutos


Por Agência Estado Publicado 05/10/2025 às 16h48
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Foto: Paulo Guereta / Governo do Estado SP

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) criaram um método simples e barato que, em poucos minutos, identifica adulterações em bebidas alcoólicas destiladas. O teste foi desenvolvido em 2023 no Instituto de Química (IQ) da universidade em Araraquara, no interior de São Paulo, e patenteado no mesmo ano. Na época, não houve interesse para a produção comercial. O kit custa entre R$ 10 e R$ 15 e, no caso das bebidas, dá o resultado em 15 minutos.

O país enfrenta agora uma avalanche de casos de intoxicação por metanol em bebidas. De acordo com o Ministério da Saúde, até este sábado, 4, foram 195 notificações de intoxicação após ingestão de bebida alcoólica, segundo os dados enviados pelos estados. Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Piauí notificaram os primeiros casos em investigação.

Em todo o país, são 14 casos confirmados e 181 em investigação. Do total de registros, 162 são em São Paulo (14 confirmados e 148 em investigação). Dessas notificações, 13 são de óbitos. Um óbito confirmado no estado de São Paulo e 12 estão sendo investigados (7 em SP, 3 em PE, 1 na BA e 1 no MS).

Conforme a Agência Unesp de Inovação, o teste é mais barato, rápido e eficiente do que as metodologias disponíveis atualmente para detecção das quantidades de metanol em combustíveis e bebidas. Ainda segundo a agência, o teste não exige mão de obra especializada nem laboratórios altamente equipados.

A invenção foi patenteada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), com a denominação “Método colorimétrico quantitativo e kit portátil para detecção do teor de metanol em etanol, gasolina, bebidas alcoólica destiladas e vinagre”, em 20 de junho de 2023.

O processo começa com a adição de um sal à amostra da bebida ou combustível, transformando o metanol em formol. Em seguida, um ácido é usado para gerar mudança de cor na solução, que indica a presença de metanol.

A técnica foi aplicada em amostras de gasolina, etanol, vodca, cachaça e uísque, apresentando 100% de precisão nas análises. O tempo para aparecer o resultado é de 15 minutos para bebidas alcoólicas e 25 minutos para combustíveis.

A coloração final permite classificar o teor de metanol na mistura de forma visual:

Cor verde: sem quantidades significativas de metanol.
Cor verde amarronzado: presença de 0,1% a 0,4% de metanol
Cor marrom: presença de 0,5% a 0,9% de metanol
Cor roxa: presença de 1% a 20% de metanol
Cor azul marinho: de 50% a 100% metanol

Atualmente, a cromatografia gasosa tradicional exige equipamentos sofisticados e horas de processamento, a um custo médio de R$ 500.

Conforme o relatório do estudo, o método mostrou-se linear e seletivo no limite de especificação da Agência Nacional de Petróleo (ANP), igual a 0,5% para etanol hidratado combustível comum e aditivado, gasolinas comum, premium e aditivada. O limite de detecção tanto para etanol combustível quanto para gasolina é igual a 0,2% de metanol.

A metodologia proposta também é seletiva para detecção de metanol na concentração máxima exigida pelo Ministério da Agricultura (Mapa), igual a 20mg/100mL, em bebidas alcoólicas destiladas vodca, whisky e cachaça comercial, e o mesmo se aplica para vinagre industrializado.

A pesquisa foi liderada por Larissa Alves de Mello Modesto, mestre em química e analista de desenvolvimento analítico pela Unesp – na época ela era mestranda. De acordo com a pesquisadora, o método segue uma norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que estabelece critérios para a validação do uso, garantindo qualidade, confiabilidade e precisão dos resultados obtidos em ensaios laboratoriais aplicados a insumos farmacêuticos, medicamentos e produtos biológicos em todas as fases de produção.

À agência, Larissa Modesto detalhou a utilidade do teste. “Dono de bar, dono de resort, dono de qualquer evento que vai comprar grande quantidade de destilado, ele é o responsável pelo que está vendendo. Então é do total interesse fazer esse teste no momento de recebimento da mercadoria, pois é uma maneira de garantir a segurança do que ele está vendendo e a segurança dele mesmo”, diz a pesquisadora.

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