Gerações em Conflito: O Que Está Por Trás dos Ruídos Entre Millennials, Gen Z e os Sêniors da Tecnologia
Nunca houve tantas gerações convivendo ao mesmo tempo no mesmo ambiente de trabalho, e talvez nunca tenha sido tão difícil fazê-las se entender. Nas empresas de tecnologia, o cenário é particularmente tenso: profissionais sêniors que ajudaram a construir os alicerces da transformação digital dividem espaço com jovens que nasceram imersos nela. De um lado, a experiência institucional, o pensamento analítico e a memória de processos mais lentos e estruturados. De outro, a velocidade, o desejo de propósito e a rejeição a hierarquias rígidas. O resultado é um campo fértil para ruídos, desalinhamentos e conflitos silenciosos que drenam produtividade e energia.

O choque começa nas expectativas. Para muitos profissionais de gerações anteriores, sucesso significa estabilidade, cargo sólido, reconhecimento pela trajetória. Já para os millennials e a geração Z, o valor está na fluidez: no aprendizado constante, na liberdade de criar e na coerência entre trabalho e propósito pessoal. O que para uns é “falta de comprometimento”, para outros é busca por significado. A mesma ação pode ser vista como ousadia ou insubordinação, dependendo da lente geracional de quem observa.
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Essas diferenças também se expressam na forma de comunicar e receber feedback. Enquanto os sêniors valorizam estruturas formais e valorizam o tempo de maturação de um projeto, as novas gerações esperam devolutivas imediatas e trocas horizontais. A autoridade tradicional, baseada em hierarquia e experiência, passa a ser contestada por uma lógica de competência e influência. O jovem quer ser ouvido, não apenas instruído. E, muitas vezes, o gestor sente-se desautorizado por uma postura que ele interpreta como falta de respeito, mas que, para o outro lado, é apenas naturalidade na comunicação.
A linguagem é outro obstáculo. As gírias, os memes e a informalidade digital que fluem com naturalidade nas conversas entre jovens podem parecer imaturidade aos olhos dos mais experientes. Ao mesmo tempo, o excesso de formalismo e a resistência à mudança de linguagem digital são vistos pelos mais novos como distanciamento e rigidez. O resultado é um hiato de códigos: todos falam, mas poucos se escutam.
Para que equipes multigeracionais alcancem alta performance, é preciso criar pontes, e não muros. A experiência institucional, representada por lideranças como Lívia Chanes, pode, e deve, se aliar à disrupção dos jovens fundadores da Brex, como Henrique Dubugras e Pedro Franceschi. São mundos diferentes, mas complementares: a maturidade que evita erros estruturais e a ousadia que desafia o status quo. Quando esses dois polos aprendem a coexistir, nasce um ambiente mais criativo, inovador e seguro para todos.
Construir essas pontes exige empatia e método. Líderes precisam desenvolver uma escuta verdadeiramente intergeracional, capaz de entender o valor que cada geração traz. Reuniões híbridas, mentorias cruzadas e feedbacks em linguagem acessível ajudam a reduzir distâncias. É essencial reconhecer que a autoridade não é incompatível com a vulnerabilidade e que o propósito não é inimigo da disciplina. O objetivo é transformar a diferença em energia criativa, e não em atrito improdutivo.
O futuro das empresas que souberem integrar gerações não será apenas mais diverso, mas também mais inteligente. O conhecimento acumulado dos sêniors, a adaptabilidade dos millennials e a inventividade da geração Z são forças que, quando alinhadas, criam um ecossistema de aprendizado contínuo. O desafio não é escolher entre passado e futuro, e sim fazer com que ambos conversem no presente, com respeito, propósito e visão compartilhada.
