26 de março de 2025

CNI: Alta dos juros prejudica ritmo de crescimento da economia


Por Agência Estado Publicado 19/03/2025 às 20h38
Ouvir: 02:42

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que a alta de mais um ponto porcentual da taxa de juros Selic, anunciada há pouco pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, prejudica o ritmo de crescimento da economia e não é necessária para controlar a inflação. O Copom decidiu nesta quarta-feira, 19, elevar a Selic para 14,25% ao ano, o maior patamar desde 2016.

“O nível atual da Selic, que implica taxa de juros real de 8,5% a.a. (3,5 p.p. acima da taxa neutra estimada pelo Banco Central), já tem impactado fortemente a economia, que apresenta desaceleração mais aguda do que a prevista, tanto pela CNI, como por diversos analistas econômicos. Essa desaceleração intensa da economia já seria suficiente para controlar a inflação”, avalia o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Para a entidade, a perda de fôlego econômico já influencia as expectativas em torno da inflação. Além disso, destaca, “o aperto monetário em curso já se traduz em aumento efetivo da taxa de juros dos tomadores de crédito”. Juros mais altos, ressalta a CNI, significam crédito mais caro.

Na avaliação da CNI, os primeiros dados de 2025 não são animadores, com a produção industrial estagnada em janeiro de 2025, frente a dezembro de 2024, depois de cair por três meses consecutivos entre outubro e dezembro do ano passado.

A entidade destaca ainda que a redução do preço internacional do petróleo e valorização do real são outros elementos favoráveis ao controle da inflação e que não poderiam ter sido desconsiderados pelo BC em sua decisão.

A CNI pontua ainda que é preciso aprofundar medidas que busquem conter os gastos públicos, para garantir o cumprimento da meta fiscal neste e nos próximos anos e estabilizar a dívida pública. “A busca pela sustentabilidade fiscal deve ser uma prioridade de todos os poderes públicos constituídos e de toda a sociedade brasileira. Sem o comprometimento de todos, o Brasil seguirá pecando pela baixa sintonia entre política monetária e política fiscal, o que sobrecarrega a Selic e o custo do crédito, variável-chave para viabilizar investimentos e sustentar ritmo mais vigoroso de crescimento econômico”, defende o presidente da CNI.

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