O documentário estreia em Maringá no dia 07 de outubro resgatando um importante período histórico em que a influência dos cinemas de rua funcionava como fio condutor e estímulo para a produção cultural e a arte. Os cartazistas reproduziam artesanalmente as peças de divulgação de obras cinematográficas de diferentes períodos e as obras ficavam expostas na fachada dos cinemas para chamar a atenção do público, como conta a diretora Thayse Fernandes.
“Os artistas não trabalhavam só aqui, faziam cartazes para um cinema de São Paulo, ou um cinema de uma cidade vizinha. Hoje os cartazes são padronizados, na época não, cada artista tinha o seu traço, cada um tinha a sua técnica, então eles iam colocando as técnicas deles, o que cada um poderia fazer de diferente do outro para chamar mais atenção, para as pessoas assistirem ao cinema deles. Os cinemas de antigamente tinham mais de mil lugares em uma sala. Então eles tinham que lotar essa sala. Então era a partir dos cartazes, da criatividade deles que chamavam a atenção do público e traziam cada vez mais público para casa.
Eu acho que cada história daria um filme, sabe? Nossa, foi muito legal ouvir cada história. Eu amo fazer documentário, né? Eu amo ouvir histórias. Então, ouvir cada história foi muito legal, eles relembrando, sabe? Relembrando como era naquela época, porque a gente faz um recorde desde a década de 60 até o final dos cinemas de rua, que se deu ali anos 90, vamos falar assim, quando fechou o último. Então, é eles relembrarem, olharem os cartazes, porque eles têm ainda fotos, que a gente vai mostrar também. Acho que isso foi o mais gostoso de tudo, eles relembraram cada história, relembraram as ações que eles faziam, porque o cinema de rua era muito diferente.
Não eram só os cartazes gigantes, eles enfeitavam a frente do cinema, eles faziam realmente um trabalho esplendoroso. Vai ter muita lembrança de coisas que aconteciam, como que eram as sessões. Então vai ser uma sessão bem nostalgia mesmo. Para quem frequentou vai ser uma sessão nostalgia. E para quem não frequentou vai ser muito legal para saber como era, para saber a diferença de como que é ir no cinema hoje”, contou Thayse Fernandes.
O filme foi um dos muitos projetos idealizados pelo produtor audiovisual e publicitário Maurício Borges, que faleceu em agosto do ano passado.
“O Mauricio, junto com a Daísa, idealizaram esse filme. Ele era um grande apaixonado pelo cinema, os dois na verdade. No filme eu vou contar qual a relação que o Mauricio tinha com os cartazistas também. E de onde surgiu essa ideia de fazer esse documentário.
Ele teve a ideia, escreveu o projeto. E daí, como eu já tinha feito um documentário sobre o Cine Horizonte, a gente conversou e ele falou ‘eu quero que você, dirije esse material’. E aí rolou, a gente abriu um Aniceto na época, escrevemos e demorou até para sair o resultado do Aniceto. Quando saiu, ele já tinha falecido. Eu cheguei até a falar com a Daísa na época, se ela queria mesmo que eu levasse para frente o projeto, mesmo sem o Maurício, e ela falou que sim, que era uma forma da gente também eternizar o Maurício, concretizando esses projetos que ele deixou, porque ele deixou mais outros projetos. Isso não é o último projeto dele, tem vários outros projetos idealizados por ele que ainda serão produzidos.
Assim eu já chamei o Anderson Craveiro, que na época também tinha me ajudado a fazer o Cine Horizonte. Ele fez a direção de fotografia e também é muito apaixonado por cinema. A gente entrevistou três pintores e, conforme fomos fazendo o projeto, a gente viu que tinha outros pintores que estavam vivos ainda, e tivemos a necessidade de incluir isso também no material, até porque as buscas por informação desse período são muito carentes. Não tem onde pesquisar isso aqui em Maringá. Até o patrimônio histórico ajudou a gente bastante, mas mesmo assim ainda tem muito pouco registro disso. Então a gente viu a necessidade de estar incluindo mais artistas. Para que esse material fique eternizado nesse sentido, que seja uma fonte de pesquisa para quem não viveu aquela época poder saber como foi”, explicou a diretora do documentário.
Ao todo, o documentário terá cinco exibições gratuitas e no Instagram @artistasdatela foram compartilhadas fotos das entrevistas e bastidores da produção. O filme foi realizado pela Lei de Incentivo à Cultura de Maringá.
Confira a programação completa da exibição do documentário Artistas da Tela:
07 de outubro, às 10h30 – Cineflix do Maringá Park.
09 de outubro, às 20h – Teatro Reviver Magó
12 de outubro, às 20h – CAC
15 de outubro, às 19h – Vaca Louca Café
17 de outubro, às 14h – Cine UEM
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