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15 de dezembro de 2025

O dia que Pelé jogou em Maringá e o Santos venceu por 11 a 1


Por Redação GMC Online Publicado 23/10/2020 às 14h10 Atualizado 26/02/2023 às 00h28
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Foto: Acervo do Maringá Histórica

Pelé faz 80 anos nesta sexta-feira, 23. E entre as centenas de capítulos de feitos espetaculares que fazem parte da história do Rei do Futebol, um deles foi escrito em Maringá, há 55 anos. Releia a reportagem assinada por Victor Ramalho.

No dia 16 de maio de 1965, o Grêmio de Esportes Maringá encarava o Santos Futebol Clube, em partida amistosa no Estádio Regional Willie Davids.

O time maringaense, vindo de um bicampeonato estadual e consolidado como uma das forças do futebol paranaense, ficou ‘frente a frente’ com o estrelado esquadrão santista, base da Seleção Brasileira nas Copas de 62 e 66, contando com nomes como Pelé, Pepe e Coutinho.

Na época, o Peixe vinha de um tetracampeonato brasileiro consecutivo, além já ser bicampeão da recém-formada Copa Libertadores da América. Até hoje, aquela equipe é apontada como uma das maiores da história do futebol mundial. O resultado foi uma sonora goleada de 11 a 1 para os visitantes.

Fala, Roderley

Jogador do Grêmio naquela partida, o ex-zagueiro Roderley conversou com o GMC Online, e contou bastidores do confronto. Segundo o veterano, o jogo colocaria à prova a hegemonia maringaense no futebol local.

“Nós vivíamos uma fase extraordinária. Vínhamos de um bicampeonato paranaense e éramos, sem dúvida, uma das melhores equipes do Estado. Aí veio o convite do Lula (técnico do Santos) para fazer o jogo amistoso no Willie Davids”.

Acordo de ‘cavalheiros’

O ex-atleta também revela que houve um ‘acordo de cavalheiros’ entre Nestor Alves, técnico do Grêmio, e Lula, comandante do Santos, antes da partida. A regra era simples: um jogo ‘limpo’, sem faltas.

“O Nestor (técnico do Grêmio) chegou pra gente no vestiário falando que não era pra fazer falta, que era pra jogar limpo, se não o Lula (treinador do Santos) ia tirar os titulares de campo e colocar os 11 reservas. Pelo bem do espetáculo, concordamos. E foi o que aconteceu, os caras vieram completinhos. Carlos Alberto, Pelé, Coutinho, todos campeões do mundo, era um espetáculo de time”, relembra.

Roderley

O acordo alterou os planos do Maringá para aquela partida. No vestiário, os jogadores questionaram Alves sobre uma nova estratégia para encarar o Santos.

“A gente garantiu pro Lula que ia ser um jogo limpo. Aí fomos perguntar pro Nestor: ‘E aí professor, como a gente marca os caras agora?’ Ele só falou: ‘Não é pra bater no Pelé, no Coutinho nem em ninguém, é só pra cercar’. Rapaz, como é que cerca Pelé e Coutinho? Ele tava de brincadeira! (risos)”, relembra o ex-zagueiro.

11 a 1

Com bola rolando, o time da Vila Belmiro dominou a partida, aplicando o placar elástico de 11 a 1, com 8 gols marcados apenas no 2º tempo. Para Roderley, o jogo poderia ser diferente, se disputado em condições normais.

“Acho que foi um aborto da natureza (o placar). Se jogássemos sem esse negócio de ‘não pode fazer falta’, seria um jogo de igual pra igual, sim. Ganhamos da CCCP (União Soviética) um ano depois, que foi semifinalista da Copa do Mundo! Poderia até perder, mas não teria tomado 11 a 1 (risos)”.

O jogo no qual ele se refere é um outro amistoso, disputado no ano seguinte. Em fevereiro de 1966, o mesmo Grêmio Maringá recebeu a Seleção da CCCP (antiga União Soviética) para um jogo festivo no Willie Davids, que resultou em 2 a 1 para os maringaenses. Meses depois, os russos terminariam a Copa do Mundo na Inglaterra em 4º lugar.

Os embates com o ‘Rei’

Roderley Geraldo de Oliveira construiu uma carreira respeitada no futebol brasileiro entre os anos de 1960 e 70. Além do time local, defendeu também o Coritiba e o Nacional de São Paulo. No mesmo ano de 1965, teve ainda um convite de Osvaldo Brandão para defender o Corinthians.

No futebol paulista, aliás, o ex-defensor teve outros confrontos com o Rei do Futebol. Hoje, aos 80 anos de idade, ele relembra com carinho as demais disputas e ‘goleadas’ contra Pelé.

Qualquer oportunidade de jogar contra o Santos de Pelé era satisfatória, foi uma máquina de time. É legal ter essas histórias para contar para o pessoal mais jovem”, disse.

“Marcar o Pelé é um privilégio, o cara era monstro, jogava demais. Enfrentei ele outras vezes no futebol paulista, quando joguei no Nacional. Devo ter enfrentado ele umas 10 vezes. No agregado deve estar uns 70 a 2 (risos)”, completou.

Roderley

Em relação ao 11 a 1, Roderley afirma que não mudaria nada, apesar do placar elástico.

“Os caras foram metendo gol, mas a gente foi resistindo. Que ‘tirar o pé’ que nada! Jogamos sério do começo ao fim! Foi um placar elástico, mas eu não mudaria nada. Muitos dizem que é, até hoje, o jogo mais marcante da história do futebol maringaense”.

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Após alguns anos de insucesso, o Grêmio de Esportes Maringá planeja seu retorno ao futebol profissional e de base em 2020. Atualmente, a equipe está classificada para a disputa da 3ª divisão do Campeonato Paranaense. 

Foto: Museu Esportivo de Maringá

Ficha técnica:

Grêmio de Esportes Maringá 1×11 Santos Futebol Clube

Data: 16 de maio de 1965. Local: Estádio Regional Willie Davids (Maringá-PR) Árbitro: José Batista dos Santos

Escalações:

Grêmio: Maurício (Evir), Nico (Ditão) (Oliveira), Pinduca e Edson, Haroldo (Macário) e Roderley, Danubio (Célio), Aurélio, Edgar, Zuringue e Luis Roberto (Valter Prado).

Técnico: Nestor Alves.

Santos: Laércio, Carlos Alberto, Mauro (Modesto), Haroldo e Geraldino, Lima (Rossi) e Mengálvio, Peixinho, Coutinho, Pelé (Toninho Guerreiro) e Pepe (Abel).

Técnico: Lula.

Gols: Grêmio: Edgar (39-1T)

Santos: Peixinho (22-1T), Pelé (24-1T), Lima (44-1T), Coutinho (04-2T), Pelé (09-2T), Toninho Guerreiro (28-2T), Peixinho (35-2T), Coutinho (36-2T), Toninho Guerreiro (43-2T), Abel (44-2T) e Toninho Guerreiro (45-2T).

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