Ter uma coruja como animal de estimação já é incomum, mas no caso do casal André e Viviane Farias, de Maringá, a situação é ainda mais inusitada. A coruja da espécie Tyto furcata, conhecida como coruja-da-igreja e carinhosamente chamada de Snow, adora explorar cada canto da casa e tem um local preferido: o topo da geladeira. A curiosa cena, que poderia ser tirada de um filme de ‘Harry Potter’, é real e faz parte do dia a dia da família há oito anos.
André contou ao GMC Online que o interesse por animais exóticos começou por curiosidade, quando um amigo veterinário resgatou uma coruja. Fascinado pela ave, André iniciou uma pesquisa detalhada para entender os procedimentos legais e os cuidados necessários para ter uma coruja como animal de estimação.
“Depois de muita pesquisa e estudo, chegou o momento de adquirir o Snow em um criadouro legalizado, após uma espera de seis meses. Esse tempo foi suficiente para preparar o viveiro e os alimentos, afinal, as corujas se alimentam de roedores e optei por criar os alimentos para reduzir o custo diário de compra”, explica André.
André relata que ter uma coruja é muito diferente de ter outros tipos de aves, pois as corujas são animais de caça e não criam vínculo com os donos, como os cães.
Ele me vê no máximo como um parceiro de caça, porque sabe que se vier até mim, vai ganhar comida. Ele é bem interesseiro, diz André.
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Snow e outros pets
Além de Snow, o casal tem três cães: um labrador de 10 anos, um spitz de 5 anos e um lhasa apso de 16 anos. O convívio entre os animais é harmonioso graças ao treinamento em técnicas de falcoaria que André proporcionou à coruja.
“As corujas têm um instinto agressivo, mas com treinamento adequado Snow se tornou dócil e obediente”, explica André. Além disso, ele utiliza um assobio para chamar Snow, que prontamente responde voando para buscar o alimento. “Ele voa bastante dentro de casa, sempre em movimento para fortalecer as asas”, diz.
Durante o dia, quando não está dentro de casa, Snow fica em um espaçoso viveiro, onde pode voar e se banhar em uma fonte de água corrente.
Foto: Reprodução Facebook/Diário de uma coruja.
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Alimentação da coruja Snow
A espécie Tyto furcata, conhecida como coruja-da-igreja, vive em média 25 anos e pode chegar a 38 centímetros de comprimento. O veterinário Thiago Lima, de Maringá, destaca a importância de compreender as necessidades específicas de cada animal exótico antes de adquiri-los.
“Diferentes espécies têm requisitos distintos em termos de alimentação e manejo”, afirma Thiago. Ele alerta que muitos animais exóticos escondem sinais clínicos de doenças, tornando essencial a realização de exames de rotina para detectar problemas antes que se tornem graves.
Para aqueles que consideram ter uma coruja ou outro animal exótico, Thiago enfatiza a importância de estar preparado para atender às suas necessidades específicas, especialmente em relação à alimentação.
André menciona que a alimentação de Snow é um dos aspectos mais desafiadores de sua criação. Corujas são grandes predadoras de roedores, e sua dieta não pode ser substituída por carnes como frango ou carne moída sem comprometer sua saúde. Por isso, para garantir que Snow recebesse uma dieta adequada, André optou por criar os roedores que alimentam a coruja, reduzindo custos e garantindo que ela tenha uma alimentação rica em nutrientes essenciais encontrados apenas nos roedores.
Cuidados
Snow é uma coruja famosa e muito querida pelos donos, com perfis ativos no Facebook e Instagram. André compartilha curiosidades sobre Snow, além de técnicas e dicas para cuidar de uma coruja. Ele também publica os melhores momentos do dia a dia do bichinho.
“Tem uma foto que tirei que parece que ele está sorrindo, mas na verdade foi sorte capturar o momento exato em que estava com a boca aberta durante um grito”, brinca André.
O veterinário Thiago Lima ressalta que as corujas, por serem aves de rapina, não podem ter as asas cortadas, como alguns papagaios de estimação. Se uma coruja tentar voar e não conseguir, os músculos das costas podem atrofiar, levando à morte. Além disso, as unhas da coruja também não devem ser cortadas, pois ela precisa delas para capturar e dilacerar suas presas. Os galhos ásperos das árvores naturalmente lixam as unhas da coruja.
“Por isso, hoje o ponto mais importante para quem considera adquirir um animal exótico é entender quais são as necessidades específicas desse animal e o tipo de ambiente que ele precisa para ter uma vida segura e plena”, conclui Thiago.
Com a experiência e dedicação de André e Viviane, Snow vive uma vida saudável e ativa, mostrando que, com os cuidados certos, é possível ter um animal exótico como membro da família.