Em Maringá, a última chuva significativa foi registrada no dia 20 de agosto, com 21,8 milímetros de precipitação, segundo o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar). No mês de setembro, cuja média de precipitação é de 99,1 milímetros, choveu apenas 8,4. Com a estiagem, os lagos do Jardim Japonês, localizado no interior do Parque do Ingá, secaram.
Segundo a bióloga Daiany de Fátima Corbetta, gerente do Parque do Ingá, os lagos só ficarão cheios novamente se chover significativamente. “Os lagos dependem de nascentes para ter água e para isso precisa chover. Se colocarmos água lá, o solo, que está muito seco, vai absorver, então não vai resolver”, destaca.
Além disso, o volume de água do lago principal reduziu consideravelmente. “Com a redução do nível de água, acontece no entorno do lago principal o que chamamos de regeneração natural, ou seja, a floresta vai tomando conta: crescem mais plantas e animais fazem ninho. Do ponto de vista da biodiversidade isso não é ruim. A parte ruim é que, como não entra água nova, vinda da chuva, fica sempre a mesma água, o que diminuiu a qualidade dessa água. Por esse motivo, usamos os aeradores para oxigenar essa água”, detalha a gerente do Parque do Ingá.
LEIA TAMBÉM – Seca permite atravessar lago do Parque do Ingá a pé; VÍDEO
Daiany de Fátima Corbetta explica que, para que as nascentes sejam alimentadas, é preciso de área permeável suficiente para que a água da chuva seja absorvida pelo solo.
“É ideal que a população mantenha áreas verdes em suas casas para que a água possa entrar no solo e alimentar as nascentes. Quanto mais área permeável, sem calçada, melhor é para os lagos e rios. Precisamos da chuva, mas se não tiver formas de ela entrar no solo e chegar na nascente, não resolve muito”, destaca.
Além disso, é importante fazer uso racional da água, principalmente em tempos estiagem, segundo Marisa Emília Ereno, técnica em Meio Ambiente da Secretaria do Meio Ambiente e Bem-estar Animal (Sema). “É importante que as pessoas evitem o desperdício de água, como lavar calçadas e veículos e tomar banhos demorados nesse momento que estamos passando por essa crise hídrica, porque tudo reflete no ambiente que vivemos”, reforça.
O Parque do Ingá será reaberto no próximo sábado, dia 17.
Paraná
O Paraná apresenta a situação mais crítica dentre as 19 unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor de Secas, instituído pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Todo o território paranaense está sendo atingido, com os maiores percentuais de seca grave (61,14%) e extrema (8,60%) – até 18 de setembro.
“O Paraná vive uma crise hídrica e, neste ano, a estiagem se intensificou ainda com a presença do La Niña, então temos uma diminuição ainda maior do nível de chuva. Com isso, há um rebaixamento do lençol freático e, com isso, temos redução de olhos d’água, as nascentes. Várias nascentes que eram intermitentes – voltavam em algumas épocas do ano -, não estão voltando mais. A situação é preocupante porque não vemos a médio prazo o retorno dessas nascentes. Com isso, o nível de água dos lagos tem diminuído cada vez mais”, detalha Marisa Emília Ereno.