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13 de dezembro de 2025

No centro de Maringá, oração feita de apartamento chama atenção e leva fé


Por Monique Manganaro Publicado 28/08/2020 às 19h02 Atualizado 25/02/2023 às 09h01
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Quem passa ou mora pelas proximidades do cruzamento entre as avenidas Getúlio Vargas e XV de Novembro, no centro de Maringá, certamente já ouviu uma oração feita ao meio-dia, pontualmente. O momento virou rotina para quem frequenta a região. 

O som ecoa entre prédios da vizinhança e chama a atenção de pedestres que passam pela rua – muitos sem saber de onde vem a voz que conduz algumas orações. Os vizinhos já se habituaram à rotina e se programam para conseguir acompanhar todos os dias.

Desde 15 de março deste ano, os empresários maringaenses Elton Luiz da Silva, de 51 anos, e Márcia Reis, de 51 anos, cumprem religiosamente o conselho dado pelo Papa Francisco para que católicos rezem pelas vítimas do novo coronavírus. Não houve falha em um único dia. Desde março, faça chuva ou faça sol, o casal para por alguns minutos do dia para fazer as orações. 

Mas, diferentemente da maioria, o casal decidiu compartilhar o momento com quem mora próximo ou passa pela vizinhança. 

Ritual sagrado 

Um despertador programado no celular toca todos os dias, minutos antes da oração começar, para lembrar do compromisso. Assim que são avisados, Silva e a mulher saem do trabalho, sobem até o apartamento onde moram e começam os preparativos. 

Uma caixa de som e um microfone ficam instalados na sala da casa do casal, próximos à janela. Ao meio-dia, pontualmente, os equipamentos são ligados e as orações começam. 

Minutos antes, já é possível observar os espectadores fiéis nas janelas vizinhas. São moradores de prédios próximos que saem às 12h para acompanhar. 

Foto: Monique Manganaro/GMC Online

“Bom dia, povo de Deus”, começa Silva. Após os cumprimentos, sempre de forma sucinta, um Pai Nosso é iniciado. Em seguida, a oração do Angelus, que foi incorporada ao roteiro a pedido de uma vizinha, encerra o momento. 

Todo o ritual leva menos de cinco minutos. Ao final, acenos e palmas do público do dia.

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Todos os passos são repetidos à noite, às 21h, quando novamente os católicos se reúnem para novas orações. Este momento, no entanto, é ainda mais rápido. “À noite, eu faço um louvor um pouco antes, de 30 segundos a um minuto, e depois a gente reza um Pai Nosso, louvado seja nosso senhor Jesus Cristo e boa noite”, disse Silva em entrevista ao GMC Online.

Nas primeiras semanas de orações, o momento era embalado por músicas interpretadas por ele.  Mas, preocupado em gerar incômodo, o empresário decidiu reduzir. As músicas agora entram na programação apenas em datas especiais, como feito no Dia dos Pais. 

“Nossa intenção não é incomodar. Quando eu tocava, comecei a perceber que ficava longo e eu mesmo achei melhor não tocar mais”, relembrou. 

Recentemente, Silva atendeu o pedido de outro vizinho para comemorar o aniversário de um familiar. Ao final das orações, um tradicional “parabéns” foi cantado por todos que acompanhavam.

Durante conversa com a reportagem, Silva revelou que não imaginou que a oração seria repetida durante um longo período. Porém, o momento de sofrimento que a pandemia causou se prolongou e, junto com a mulher, ele julgou necessário continuar. 

“A gente quer levar uma mensagem de conforto para as pessoas que estão isoladas, principalmente os idosos. Pessoas que estão sem abraçar um filho, um neto, há três ou quatro meses”, afirmou. 

E, observando a reação do público que o acompanha, o objetivo está sendo cumprido.

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