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21 de novembro de 2024

Pioneiro de Maringá transforma quintal de casa em garagem de veículos antigos e chama atenção de quem passa na rua


Por Rafael Bereta Publicado 20/08/2023 às 08h39
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Há quase 40 anos o pioneiro dedica parte da vida para os veículos antigos. Foto: Rafael Bereta/GMC Online

Não há como passar em frente a uma residência localizada em uma esquina da Avenida Euclides da Cunha, na Zona 4, em Maringá, sem notar alguns veículos em exposição na garagem da casa. No local, um caminhão Ford importado dos Estados Unidos e confiscado pelo Exército brasileiro durante a Revolução de 1930, é uma das joias cuidadosamente preservadas pelo pioneiro José Ruiz Saldanha, 85, que nasceu em Getulina, no interior de São Paulo, e veio com a família desbravar Maringá durante um período em que havia somente mato e terra.

Muitas pessoas preferem guardar a história apenas em recordações. No entanto, não é o caso de José Saldanha, cuja história de vida foi eternizada em veículos antigos, que conquistou ao longo de sua trajetória. 

“Aqui em casa o que mais chama atenção das pessoas que passam nas ruas é o caminhão verde de 500 quilos. Ele foi comprado de segunda mão, em São Paulo, por um fazendeiro. Então, esse veículo tinha vindo direto dos Estados Unidos e o objetivo dele aqui no Brasil era para ser usado para puxar 25 quilos de café. Entretanto, o dono da fazenda desistiu da ideia e ofereceu para o meu avô materno que trabalhava com ele comprar. Meu avô não tinha dinheiro para realizar a compra e foi então que o sogro de uma das minhas tias acabou adquirindo, mas um mês depois o Exército confiscou o veículo”, explica o pioneiro José Saldanha.

Do Exército para Maringá

O Exército brasileiro havia confiscado o caminhão Ford para que fosse usado na Revolução de 1930 e na Revolução Constitucionalista de 1932. Após cinco anos, o caminhão voltou para o Paraná e trouxe junto a mudança da família Saldanha. Essa inclusive havia sido a justificativa para pedir o caminhão de volta.

“Em 1942 meu pai comprou algumas terras em Maringá. Ele me falava que não existia nada na cidade ainda, era um grande sertão sem estradas. Assim, além do caminhão, meu pai levou o resto da mudança com cinco burros”, diz.

Assim, foi somente em 1945, aos sete anos, que José Ruiz chegou em Maringá. Desse modo, de lá para cá o pioneiro pôde ver o crescimento da cidade de perto. “É muito gratificante ver como a cidade evoluiu rapidamente. Quando chegamos era somente terra, não havia asfalto e no ‘Maringá Velho’ existiam somente 12 casas. Meu pai mesmo achava que a cidade não iria crescer tanto. Após anos é muito gratificante ter participado do início da cidade”, afirma ao GMC Online.

Paixão por veículos antigos

Há quase 40 anos o pioneiro dedica parte da vida para os veículos antigos, uma paixão que sempre existiu, de acordo com ele. Hoje, dos seis veículos que tem na coleção, três ficam expostas no quintal de sua casa. Ao passar em frente à residência é possível ver o caminhão Ford usado pelo exército e dois tratores, um de 1945 e outro de 1951.

Saldanha tem outro Ford, um carro de passeio, também da primeira metade do século XX, que fica guardado em uma garagem fechada, que só atrai a  atenção da população nos fins de semana durante o passeio pela cidade, ou em desfiles e exposições.

“Eu amo passear com este veículo, ele é todo azul e brilhante e chama atenção das pessoas na rua. Quando está estacionado, muitos pedem para fotografá-lo, entram dentro do veículo, gosto muito”, afirma.

Além disso, os veículos de Saldanha já foram até cobiçados por profissionais da Rede Globo e por pouco não foram parar no cenário de novelas de época.

“Muitas pessoas vêm e oferecem uma grande quantia para comprar os veículos, mas eu não tenho coragem de vender, são grandes relíquias para mim e quero passar de geração em geração”, comenta.

Atenção da população

Em quase 40 anos, muitas pessoas já fotografaram os veículos do pioneiro de Maringá. A dona de casa Carla Bornelli, por exemplo, passa no local todos dias. e ao GMC Online ela diz que acha muito lindo a forma com que José Saldanha preserva a história. 

“Eu sempre passo aqui em frente à casa. Já tirei algumas fotos, mas hoje aproveitei e pedi para entrar no quintal para ver de perto esses tratores lindos que chamam tanto a atenção. Acho uma graça. Nesse período minha irmã vai fazer uma festa de aniversário de um ano do filho e o tema é fazendinha, então, já mandei várias fotos desses tratores para ela para servir de inspiração”, diz.

Fotos: Rafael Bereta/GMC Online

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