Produtor de Maringá vende 200 kg por mês de ‘Carolina Reaper’, uma das pimentas mais ardidas do mundo
A pimenta é um ingrediente essencial na culinária brasileira, sendo encontrada em diversas variedades, tamanhos, cores e formas. Entre as mais comuns, destacam-se a malagueta, dedo de moça, biquinho e cumari, que marcam presença em pratos picantes. No entanto, nenhuma dessas pimentas chega perto do nível de ardência da Carolina Reaper, reconhecida pelo Guinness World Records como uma das mais intensas do planeta. Essa variedade pode ser encontrada em Maringá, onde o produtor rural Rildo Casé é responsável por produzir até 200 kg da pimenta, que se assemelha a um pequeno pimentão.
Contudo, cuidado. Ao consumir um pedaço mesmo diminuto, a sensação imediata é de uma intensa queimação na boca. Para quem não está acostumado, é melhor nem tentar.
Rildo cultiva 235 variedades de pimentas do tipo “nuclear” em sua propriedade, famosas por sua potência e extrema ardência. Entre elas, a Carolina Reaper continua sendo a mais procurada pelos moradores de Maringá em seu viveiro, localizado na Rua Luiz Correia, 153, no Conjunto Imperial. Embora essa pimenta, tenha sido reconhecida no passado como a mais ardida do mundo, hoje ela perdeu esse título para a Pepper X.
“O interesse pelas pimentas mais ardidas começou durante os intercâmbios que fiz. Tenho muitos amigos em diferentes países, como na África e na Itália, e trocamos sementes. Já recebi pimentas de lugares como Cuba e Chile. Busco variedades de cada região e adapto o cultivo para que elas se desenvolvam da melhor maneira possível”, conta ao GMC Online.
Origem
O sucesso foi tão grande que Rildo já começou a exportar suas pimentas para outros países. Segundo ele, o cruzamento da Red Savina com a Bhut Jolokia resultou na Carolina Reaper, uma pimenta extremamente ardida. Originária de Fort Mill, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos, essa pimenta recebeu o nome da região. O produtor também destacou que existe um período específico para o cultivo e a colheita dessa variedade.
“A Carolina Reaper se adaptou muito bem ao clima local e se destaca em relação a outras pimentas devido à sua extrema ardência. Para se ter uma ideia, a malagueta possui uma ardência de 75 mil unidades na escala Scoville, enquanto a Carolina Reaper chega a impressionantes 2,2 milhões de pontos”, explica.
A procura pelas pimentas mais ardidas
O produtor Rildo Cazé afirma que o número de pessoas interessadas em seus molhos de pimenta aumentou consideravelmente nos últimos anos. “O consumo de pimentas nucleares cresceu bastante em Valadares e na região norte. Conheço alguns pequenos produtores que começaram a investir no cultivo e, além disso, houve um aumento no interesse de restaurantes. As vendas online também têm sido muito boas. Na culinária, essas pimentas ficam ótimas em pratos como moquecas ou carnes cozidas”, comenta.
Além disso, todos os dias, pessoas de Maringá e de outras cidades visitam Rildo para conhecer e comprar as variedades de pimentas nucleares que ele cultiva. O preço no viveiro é, em média, cerca de R$10 a cada 100 gramas das pimentas.
Um exemplo disso é Suellyn Cadore, funcionária da Guarda Municipal de Santa Terezinha de Itaipu, que está localizada a 390 quilômetros de Maringá. De fato, ela compra pimentas diretamente de Rildo há três anos. “No meu tempo livre, gosto de cultivar, produzir mudas e fazer conservas e molhos. Conheci o Rildo através de grupos de cultivo de pimentas e ele tem sido uma grande ajuda desde então”, conta.
Fotos: Rafael Bereta/GMC Online
Ademais, Suellyn revela que sua pimenta favorita é a Bhut Jolokia Chocolate, que tem um nível de ardência entre 800.000 e 1.001.300 unidades na escala Scoville. No entanto, ela também já experimentou a famosa Carolina Reaper e destaca que o aroma dessa pimenta é excelente.
“Hoje, eu cultivo várias variedades de pimentas nucleares, como Habanero, Carolina Reaper, Bhut Jolokia Chocolate, de diferentes cores, além da pimenta biquinho, que gosto de usar para petiscos. Para mim, não existe alimento que não leve essas especiarias. Elas têm uma conexão tanto com a gastronomia quanto com o cultivo e ainda oferecem um vasto campo de aprendizado”, conclui.
Confira algumas pimentas mais ardidas produzidas em Maringá
- Carolina ceifeira;
- Trinidad Moruga Scorpion;
- 7 Pot Douglah;
- 7 Pot Primo;
- Trinidad Scorpion Butch;
- Naga Viper;
- Bhut Jolokia;
- 7 Pot Barrackpore;
- 7 Red Pot Gigante;
- Red Habanero Savina.
Nível de ardência da pimenta
A escala Scoville, criada em 1912, mede o nível de ardência de uma pimenta e descobrir quais são as pimentas mais ardidas. No entanto, o teste envolve diluir o ingrediente em uma solução de água com açúcar até que os compostos picantes se tornem indetectáveis.
Por exemplo, se uma xícara de pimenta precisa ser diluída em duas mil xícaras de água com açúcar para neutralizar a ardência, essa variedade atinge 2.000 pontos na escala, chamados de SHU (Unidades de Calor Scoville).
Só para se ter uma ideia, a capsaicina pura (composto que segura as sementes da pimenta) equivale a 15 milhões de SHU, a Pepper X a 2,6 milhões de unidades de calor Scoville e a Carolina Reaper a 1,64 milhão de SHU.
Confira na tabela abaixo qual o nível de ardência das pimentas mais comuns na culinária brasileira:
TIPO | Unidades de calor Scoville |
Malagueta | 50.000 – 100.000 SHU |
Caiena | 30.000 – 50.000 SHU |
Cumari | 30.000 – 50.000 SHU |
Dedo-de-moça | 5.000 – 15.000 SHU |
Jalapeño | 2.500 – 8.000 SHU |
Biquinho | 500 – 1.000 SHU |
Pimenta-de-cheiro | 200 – 1.000 SHU |