Tiques, gestos e até palavrões: conheça o jovem da região que convive com a Síndrome de Tourette
Palavras fora de contexto, tiques e gestos são sintomas da Síndrome de Tourette, um distúrbio neuropsiquiátrico que se caracteriza por tiques motores e vocais que ocorrem com frequência e intensidade variáveis e geralmente forma involuntária.
Morador da região e gerente de uma corretora de seguros de Maringá, Samuel Santos Silva, 26 anos, convive com o diagnóstico desde janeiro deste ano. Ao GMC Online, ele explica que com o passar dos meses a síndrome ficou mais estabilizada. “No meu caso é mais quando eu estou muito nervoso ou muito ansioso que fica bem complicado, mas na maioria das vezes é bem tranquilo. Falo uma palavra ou outra, algum gesto… tem dias que está mais complicado, outros não… é mais questão de nervosismo e ansiedade”, explica.
Samuel ressalta que nunca enfrentou nenhuma discriminação devido à Síndrome de Tourette, e que, ao contrário, o ambiente fica até mais tranquilo.
“Nunca enfrentei nenhuma discriminação, não que eu tenha percebido. A maioria dos ambientes que eu frequento é familiar ou até mesmo o local de trabalho, que é um ambiente em que eu lido com pessoas mais maduras. Assim que explico, tudo fica tranquilo, as pessoas inclusive dão risada e eu não me importo, eu prefiro que as pessoas deem risada do que fiquem quietas”, afirma.
Sintomas
A Síndrome de Tourette é caracterizada por uma combinação de movimentos involuntários repentinos e sons vocais repetitivos. De acordo com a psicóloga Talita Medeiros, os sintomas mais comuns são os tiques, caracterizados por dois tipos principais. Os primeiros são os vocais, incluindo pequenos pigarros, alguns barulhos e sons repetitivos. Dentro desse primeiro tipo de sintoma há a palilalia, que significa que o indivíduo repete suas próprias palavras. Também há a ecolalia, que é repetir o que se ouve, e a coprolalia, onde o indivíduo com essa síndrome pode falar palavrões.
O segundo sintoma mais comum é o motor. O indivíduo apresenta movimentos repetitivos e involuntários em qualquer parte do corpo. Inicialmente, esses sintomas podem aparecer no rosto, mas podem se manifestar em qualquer parte do corpo.
“O diagnóstico da síndrome é difícil de ser confirmado, podendo ser confundido com outros transtornos, como TDAH, TOC e até mesmo autismo. Para um diagnóstico preciso dentro da síndrome, tanto os sintomas dos sons vocálicos quanto os movimentos precisam persistir por pelo menos um ano. Esses sintomas podem surgir até os 18 anos, podendo intensificar-se na adolescência e na vida adulta, mas com o tratamento adequado, podem ser estabilizados”, explica a psicóloga.
Abordagem e tratamento
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Síndrome de Tourette é um distúrbio raro, que atinge 1% da população mundial. O jovem Samuel Santos afirma que por mais que o diagnóstico seja divulgado, muitas pessoas não entendem do que se trata a síndrome.
“Tem pessoas que não conseguem entender que não controlamos. Teve uma senhora amiga da minha mãe que veio me cumprimentar e disse ‘A paz do Senhor’. Na mesma hora eu mostrei o dedo na cara dela e repeti ‘A paz do Senhor’. Ela me disse para não brincar com as coisas de Deus, mas nós não conseguimos evitar. Eu nunca sei quando vem um tique, mas estou ciente quando está acontecendo. Outra vez, em Porto Alegre, estava em uma reunião e soltei ‘Beto Richa’, e gritei do nada, mas nem lembrava desse cara. Nunca tive interesse no lado da política. E reunião é algo que me pega bastante, pois não tenho a liberdade de interromper”, relata.
Segundo a psicóloga Talita Medeiros, diante do diagnóstico, a melhor abordagem de tratamento se pauta dentro das terapias psicocomportamentais, técnicas de relaxamento e tratamentos medicamentosos. A síndrome não tem cura, mas um tratamento eficaz pode auxiliar o indivíduo a suprimir os gatilhos e reduzir os episódios de tiques, melhorando a qualidade de vida.
Famosos com a Síndrome de Tourette
No mundo da fama existem alguns artistas que convivem com a síndrome. Lewis Capaldi, Antônio Cara de Sapato, Billie Eilish, David Beckham e Delira são alguns artistas que já revelaram o diagnóstico para o mundo e sempre falam sobre o assunto em redes sociais para conscientizar.
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