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24 de abril de 2024

OLHAR DE CINEMA 2019: A CURADORIA


Por Elton Telles Publicado 06/06/2019 às 18h20 Atualizado 22/02/2023 às 18h24
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Em meio à massa de ar congelante que habitualmente pairou sobre Curitiba, quem é ou está a passeio na cidade pode se refugiar no “quentinho” da sala de cinema. Isso porque a capital paranaense respira, transpira e debate cinema até a próxima semana com o início do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, que chega à sua 8ª edição e cujas atividades seguem até o dia 13 deste mês. Nas próximas publicações da coluna, pretendo fazer uma cobertura geral do evento, trazendo breves comentários sobre alguns dos 131 filmes que compõem a grade.

E que grade! Dividido em diferentes mostras, neste ano, como reflexo da situação adversa no cenário sociopolítico que o Brasil (e o mundo) vem atravessando, é interessante observar a narrativa que a curadoria articulou com a seleção das obras, que contemplam produções clássicas/históricas e títulos contemporâneos.

Em conversa com os organizadores e curadores do Olhar de Cinema, foi clara a atenção especial que todos expressaram para escolher filmes que suscitam reflexões sobre a condição política atual. Movidos por esse importante sinal de resistência, criaram a mostra Olhares Brasil, com curtas e longas-metragens nacionais que permitem diálogos e conversas amplas a respeito da vida, do mundo, do humano, das nossas ações, do fazer cinema. E isso é muito interessante para refletir: aonde, em meio à crise cultural, entra a arte de produzir cinema? Pra quê? Pra quem?

No que diz respeito ao Brasil, principalmente, uma das preocupações durante a conversa foi sobre a posição do cinema daqui a 2 ou 3 anos. Há produções brasileiras em fase de finalização que vão sair do papel, mas e quem começar a produzir hoje, será que vai conseguir ver o seu filme sendo projetado para um público? E os cursos e faculdades de Cinema, como estão lidando com o gradativo desmonte da política audiovisual no nosso país? Todas essas dúvidas foram pontuadas em um momento muito propício.

Disse uma das integrantes da equipe que o processo desafiador de exercer o papel da curadoria foi resultado de angústias recentes, mas também espera que o contato destes filmes com os espectadores de Curitiba e mundo afora gere resultados de mobilizações para pensarmos coletivamente em outras possibilidades de viver e sobreviver.

Portanto se faz necessário lançar um olhar mais crítico e politizado sobre o que o cinema produz recentemente e também a obras consagradas, pois dependendo do contexto de mundo que revisitamos um filme, ele pode ser ressignificado. Aí entra a eminente contribuição do Olhar de Cinema de Curitiba: o de costurar uma programação prezando por uma linha de raciocínio coerente, que descortina histórias apagadas e/ou ignoradas sem, claro, deixar de lado a qualidade e aspectos artísticos.

Que comece a maratona!

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