54 anos após a visita do homem à Lua, Apollo 11 pode ser ‘encontrada’ na região de Maringá
Há 54 anos, o homem pisava na Lua pela primeira vez em toda a história da humanidade. O lançamento do foguete da missão Apollo 11, tripulado pelos astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins, mudaria os eixos do mundo, dando início a novas descobertas fora da Terra, novas possibilidades tecnológicas e um entrave ideológico entre ocidente e oriente, com a Guerra Fria. Mas passado mais de meio século desse episódio, em uma cidade com pouco mais de 45 mil habitantes no interior do Paraná, um foguete da ‘Apollo 11’ vigora e relembra a memória de um dos maiores experimentos tecnológicos e sociais do mundo.

O personagem principal dessa história não é Richard Nixon, à época presidente dos Estados Unidos, ou Leonid Brezhnev, líder da União Soviética naquele momento, e tampouco os tripulantes da Apollo 11, que deixaram a terra em 16 de julho de 1969, em Cabo Canaveral, na Flórida, rumo a um lugar nunca pisado antes.
O principal personagem dessa história, nestes 54 anos da Apollo 11, se chama Jonas Lourenço, um morador de Maringá. Jonas é responsável pela construção de uma réplica do emblemático foguete americano em uma propriedade rural localizada no distrito de Água Boa, em Paiçandu.
O foguete da “Apollo 11 paranaense” foi construído com uma base sólida de concreto e finalizado com materiais recicláveis. Pode até parecer mentira, mas não é, mas foi justamente no dia 1º de abril de 2018, um ano antes do foguete completar 50 anos de seu lançamento à Lua, que Jonas começou a dar vida ao projeto que almejava construir desde criança.
Jonas conta que aos 9 anos acompanhou pelo rádio, ao lado do pai, na pequena cidade de São Jorge do Ivaí, o lançamento do Apollo 11 em 16 de julho de 69. Em 20 de julho, mais de 650 milhões de pessoas ao redor de todo o mundo acompanharam, pela TV, as primeiras imagens do homem naquele lugar que outrora seria impossível de se chegar. Armstrong, naquele dia, marcou a vida de milhares de pessoas com a frase “esse é um pequeno passo para o homem, mas um gigantesco salto para a humanidade“. Desde aquele momento, o pequeno Jonas demonstrava muita paixão pelo universo e suas imensas possibilidades.
O paranaense conta que trabalha na execução do projeto desde o início dos anos 2000.
“Em 2002 adquiri a propriedade rural, já com vista nesse projeto. Quis comemorar o aniversário de 35 anos da viagem, não deu. Depois aos 40, não consegui. Elevado custo, dificuldade financeira…diante do custo, passei a garimpar o material necessário para idealizar meu sonho. Visitei empresas de ferro-velho, sítios…fui comprando e depositando na chácara.”

Lourenço diz que o que o motivou a construir a réplica do Apollo 11 foi a sua paixão pelo universo e pela aviação. Uma forma de homenagear um marco tão importante para a história dos homens.
“Como amante da aviação, do espaço, do universo, considerei oportuno concretizar esse projeto, pois despertaria curiosidade e comemoraria essa proeza marcante para toda a humanidade. Um registro da história.”
A efetivação do projeto se deu um ano antes do aniversário de 50 anos do lançamento da Apollo 11. Foi em 2018 que Jonas começou a dar vida ao seu foguete, na propriedade que adquiriu quase 20 anos antes.
“[Em 2018] foi quando efetivamente coloquei em prática. Contei muito com ajuda e compreensão da minha esposa, principalmente, na liberação da verba [risos]. Passávamos por dificuldades pois tínhamos um filho especial e eram muitos os gastos com médicos e remédios. Mas, no dia 1º de abril de 2018 comecei erguer a réplica. Inicialmente era pequeno, mas com o trabalho e incentivo ousamos e a réplica cresceu, passou de 6 para 16 metros”, diz.
Apesar de 95% da réplica da Apollo 11 ser construída com peças de materiais recicláveis, Jonas afirma que gastou mais de R$ 30 mil.
“Na época, entre material e mão de obra, chegou a mais de R$ 30 mil. Uma loucura… por isso me chamaram de doido, maluco…”

O paranaense conta que desenvolveu o projeto de construção da réplica sozinho. Foram anos de estudo, sondagens e muito tempo doado para que, de fato, o foguete paranaense ganhasse vida. Para que o foguete tomasse forma, Jonas contratou mão de obra para construção da base, um bloco de concreto, além do trabalho de profissionais em serralheria, maquinários e guinchos.
Desde muito cedo, Jonas já almejada desbravar o céu, seus mistérios e sua imensidão. Antes mesmo dos 10 anos de idade, o pequeno Jonas sonhava em ser piloto e se aventurar a voar – sonho esse que se concretizou após os 40 anos.
“Aos 7 anos me alucinava ler, saber, ver matérias jornalísticas sobre tudo, inclusive, aviação. Em tenra idade já pregava ser piloto e paraquedista. Na verdade, uma forma de galgar meu sonho de deslumbrar as alturas, aos 40 anos me formei paraquedista e aos 42 formei piloto com especialização em lançamento de paraquedistas. Também tive o privilégio de voar acrobacia aérea, voar no túnel do vento, curtir muitas cabines de aviões e vislumbrar voando no grande espaço que nos cerca.”

A réplica do foguete da Apollo 11 está localizada na Estância Reino Encantado, no distrito de Água Boa, em Paiçandu (15 km de Maringá).