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25 de julho de 2024

Relembre a história das sementes misteriosas da China que chegavam pelos Correios


Por Redação GMC Online Publicado 25/07/2024 às 13h32
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Planta que nasceu de sementes da China crescendo em quintal de Maringá. Foto: Silvia Rufino.

Em 2020, uma moradora de Maringá viralizou ao plantar sementes misteriosas da China que paranaenses e também moradores de outros estados estavam recebendo pelos Correios. A mulher recebeu o pacote de sementes no fim de 2019, com endereço chinês. Os pacotes chegavam, via Correios, como ‘brindes’ de produtos comprados pela internet ou até sem a solicitação de qualquer encomenda. A suspeita era de que o envio de sementes tivesse ligação com uma ação fraudulenta conhecida como ‘brushing’ – entenda no fim da matéria.

Em entrevista ao GMC Online, o mulher contou que achou interessante e decidiu plantar. As sementes nasceram e a planta era bem diferente. 

“É uma planta estranha. Ela não dá flor. As sementes chegaram ano passado (2019) pelos Correios em nome do meu marido. Como ele era agricultor eu achei que era algo pra gente plantar e eu decidi colocar aqui em casa em um balde. Nasceu muito rápido. A planta cresceu mas ela não tem nada demais. Parece um pé de mostarda”, disse Silvia. 

No entanto, a moradora viu o alerta da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), que pedia para não plantar e nem descartar as sementes porque poderiam ser ervas daninhas nocivas à agricultura e ao meio ambiente. 

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Foto: Divulgação/Adapar.

Na época, a moradora de Maringá ficou preocupada porque a planta misteriosa estava soltando sementes. “Está cheia de sementes. É uma sementinha bem pequena. A gente fica preocupada né agora com esse negócio aqui no quintal”, comentou À época ao GMC Online. 

O mulher procurou a Adapar e entregou a planta para o órgão avaliar se a espécie estava catalogada no Brasil. A Agência então enviou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Brasília, uma amostra da planta.

Planta foi identificada e destruída em laboratório

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Técnicos da Adapar recolheram a planta no quintal de Maringá. Foto: Divulgação Adapar.

A planta que nasceu no quintal de Maringá a partir de sementes da China foi identificada pelo laboratório da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e recolhida por técnicos. Na época, o gerente de sanidade vegetal da agência explicou que a planta não estava catalogada como uma espécie brasileira, mas aparentemente não oferecia riscos à agricultura.

“A princípio não é uma planta quarentenária. É parente daquela planta onze horas, uma planta que já existe no Brasil. É uma subespécie. Aparentemente não é uma praga. Para divulgar oficialmente o nome da planta vamos precisar de um laudo que deve sair em breve. O que nos deixou mais tranquilos é que ela não está na lista de plantas quarentenárias ou que oferecem riscos pra gente”, disse Renato Rezende Young Blood. 

Equipes do laboratório da Adapar recolheram sementes da planta misteriosa e enviaram para análise no laboratório do Ministério da Agricultura, em Goiás. A ideia era confirmar o nome exato da planta. 

Após as análises, a planta que nasceu de sementes da China e foi coletada em Maringá foi destruída no laboratório em uma espécie de panela de pressão a 150 graus de temperatura. Somente uma amostra foi guardada.  “A planta já foi destruída. Foi guardado apenas um raminho seco para uma futura análise, caso seja necessário. Já as sementes foram coletadas e enviadas para o laboratório do ministério da agricultura”, explicou.  

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Foto: Divulgação Adapar.

Dez paranaenses plantaram as ‘sementes misteriosas’ da China

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Pacotes com vários tipos de sementes que foram analisadas pelo Ministério da Agricultura. Foto: Divulgação/Mapa.

Em outubro de 2020, sementes misteriosas que estavam chegando pelos Correios já haviam sido plantadas por, pelo menos, dez paranaenses. A informação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), foi confirmada ao GMC Online.

Das dez plantas localizadas pela Adapar, somente a de Maringá já havia se formado e estava produzindo sementes. As demais plantas que nasceram no Paraná eram pequenas, consideradas mudas. 

As dez mudas foram coletadas pela agência, sendo todas elas avaliadas e destruídas.

Quase um ano depois, em setembro de 2021, 90 pacotes haviam sido coletados pela Adapar, dois deles em Maringá. Também foram coletados pacotes em Curitiba (17), Campo Mourão (4), Paranavaí (4), Medianeira (4), Cascavel (3), União da Vitória (3), São José dos Pinhais (3), Ponta Grossa (3), Maringá (2), Londrina (2), Foz do Iguaçu (2), Almirante Tamandaré (2), Cornélio Procópio (2), Pato Branco (2) e outros.

as sementes continuavam chegando ao Estado, mas em menor quantidade. Além disso, a Adapar deixou de realizar análises das sementes que recebia. Como já havia sido identificado risco de entrada de pragas, o material passou automaticamente a ser destruído no laboratório do órgão.

Indícios de fraude

Em outubro de 2020, a Embaixada da China em Brasília alertou sobre indícios de fraude verificados nos pacotes com semente de plantas, cuja origem era suspeita, enviados ao Brasil pelos Correios. “Uma verificação preliminar constatou que as etiquetas de endereçamento apresentam indícios de fraude, com erros no código de rastreamento e em outros dados”, afirmou a representação diplomática da China, em nota oficial.

A suspeita era que o envio de sementes tenha ligação com uma ação fraudulenta conhecida como “brushing”. Trata-se, essencialmente, do envio de mercadorias não solicitadas com o objetivo de registrar compras falsas. Desse modo, o responsável pela fraude cria uma conta falsa e fica sabendo quando a encomenda (no caso a semente) chegou ao seu destino. Em seguida, ele faz uma avaliação positiva para a própria loja.

Essa é uma maneira de o vendedor ter melhores avaliações nos sites de compras online, fazendo com que seja melhor visto aos olhos dos consumidores e com que seus produtos fiquem em destaque nos resultados do Google e outros sites de busca. Mas, para que serve a semente? Neste caso, ele somente tem a finalidade de não deixar o pacote vazio.

Veja fotos de alguns pacotes que os paranaenses receberam com as misteriosas sementes da China

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