Suposta vítima de ginecologista de Maringá conta como médico agia


Por Luciana Peña/CBN Maringá

Uma das mulheres que denunciaram o médico ginecologista Hilton Cardin à Delegacia da Mulher de Maringá aceitou falar sobre a situação que enfrentou. Sem ser identificada, a mulher contou que procurou o médico há 14 anos. Ela diz que estranhou o comportamento do médico no consultório, mas só agora resolveu denunciar porque entendeu que foi vítima de abuso.

Foto: Google Street View.

“Eu tive essa experiência com ele há 14 anos. (…) Na época eu não procurei a delegacia, na época eu não fiz boletim de ocorrência, não fiz nada, até porque eu não consegui entender que aquilo era uma forma de abuso. Como ele falava que era o método dele trabalhar, que era o método dele atender, na verdade eu fiquei confusa, mesmo achando muito estranho. Só agora, depois que eu vi a reportagem e que eu vi o rosto dele e eu falei ‘bom, já que aconteceu com outras pessoas e elas estão falando, então chegou a minha vez de falar também’. Aí resolvi fazer um boletim de ocorrência e fui na Delegacia da Mulher, sim”.

De acordo com o relato, o médico examinava a paciente de frente para um vidro em que era possível ver a sala de espera onde o marido da vítima estava.

“Ele me atendeu na consulta, atendimento normal. Depois ele pediu os exames e aí quando eu ia levar os exames em umas duas três consultas, ele teve uma atitude estranha. Pediu pra ficar em pé e ele ficava me apalpando, passando a mão nas minhas costas, perto do meu bumbum, e eu sentia que ele encostava o órgão no meu bumbum”. Ouça abaixo os relatos completos da vítima:

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O número de mulheres que denunciam o médico por abuso aumentou. Onze mulheres já haviam procurado a Delegacia da Mulher. Ao longo da semana outras mulheres procuraram a polícia.

A CBN entrou em contato com a defesa do médico Hilton Cardin e aguarda um retorno.

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O caso

O ginecologista Hilton José Pereira Cardim foi preso acusado de abusar de pacientes durante consultas. Foto: Reprodução/Redes sociais.

Foi preso na segunda-feira, 11, o ginecologista que estaria abusando sexualmente de pacientes durante consultas em Maringá. Ele estava sendo investigado pela Polícia Civil. No início de fevereiro, quatro mulheres já haviam procurado a delegacia. As investigações começaram há oito meses, após relatos das pacientes indicarem o mesmo modo de agir do ginecologista durante as consultas.

Segundo a delegada da Mulher responsável pelo caso, Paloma Batista, no mês de fevereiro foi cumprido um mandado de busca e apreensão. “Foram apreendidos alguns dispositivos eletrônicos e também documentos, que fundamentaram a representação por prisão preventiva que foi cumprida na data de hoje, associada também ao relatos de novas vítimas que procuraram a nossa especializada no decorrer desse mês”, explica. Segundo a delegada, atualmente há oito vítimas cadastradas no procedimento. “A primeira é do ano de 2011. Nós temos vítimas também do ano de 2012, 2015, 2019, 2022 e 2023. Tem vítimas ali que são do mesmo ano”, diz.

Também nesta segunda-feira foi expedido um outro mandado de busca e apreensão. Segundo a delegada, foi apreendido um DVR e alguns documentos que serão periciados, o que poderá apontar novas vítimas. “Inclusive, após o cumprimento do mandado de prisão uma vítima já entrou em contato com a unidade. Vai ser formalizada a declaração dela”, explica.

Conforme a delegada, a prisão preventiva será reavaliada periodicamente pelo juiz e agora a polícia tem um prazo de dez dias para finalizar as investigações.

Modo de agir do ginecologista

Conforme a delegada, todas as vítimas relatam o mesmo modus operandi do profissional. “Nas primeiras consultas elas iam acompanhadas do marido, do namorado, depois de um tempo elas pegavam confiança no profissional e elas passaram a ir sozinhas. Nesse momento que elas estavam sozinhas o médico falava ali que realizaria o procedimento de ausculta, a vítima estava na posição vertical, ele se posicionava atrás dela e ficava friccionando o órgão genital. Elas relatam também que ouviam ali a respiração ofegante do médico, elas davam um passo a frente, ele seguida, isso durava aproximadamente um tempo de cinco a dez minutos. Todas relatam essa mesma história”, relata.

O que diz o médico

Segundo a delegada, o médico já foi interrogado e negou os fatos. “Diz que é um profissional renomado na cidade, que todas as consultas e exames eram acompanhados por uma enfermeira, por uma assistente, que em nenhum momento ele ficava sozinho com as pacientes ali no consultório”, diz.

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