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06 de maio de 2024

Mulher de preso: a rotina das ‘cunhadas’ de Maringá que se organizam pelo WhatsApp


Por Ricardo Freitas Publicado 09/07/2022 às 12h32 Atualizado 20/10/2022 às 12h15
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Imagem utilizada no grupo das “cunhadas” no WhatsApp. Foto: Reprodução

Elas se chamam de “cunhadas” e unem esforços para o amor entre as grades. São mulheres de detentos do sistema prisional que se encontram, pelo menos uma vez por semana, em frente a Casa de Custódia de Maringá (CCM), Colônia Penal Industrial de Maringá (CEPIM) e Penitenciária Estadual de Maringá (PEM). Para ajudar na comunicação e se apoiarem, resolveram criar um grupo de WhatsApp, chamado “Família PEM, CCM & CEPIM”, que conta com quase 100 participantes.

A ideia foi da Thais Santana Dantas, de 30 anos. O marido dela está preso há 2 anos por roubo e tráfico.

“Eu resolvi criar o grupo porque quando meu marido caiu preso eu me senti perdida, não sabia o que realmente fazer, coisas básicas mesmo. Comecei a conversar em grupos de Facebook e vi que a ideia podia ser boa. Nesses grupos do ‘Face’, eu recebi bastante apoio, aí como fui ajudada, decidi criar esse grupo e ajudar também; tem dando muito certo”, afirmou.

Thais conta ainda que no grupo existem esposas, namoradas, mães, avós e outras parentes de presos, todas mulheres. Elas compartilham situações do dia a dia, como horários e o que pode ser levado nas visitas, por exemplo.

Thais é a idealizadora e administradora do grupo de WhtasApp. Foto: Arquivo Pessoal

“Nós nos ajudamos, compartilhamos os horários de visitas, que as vezes muda, o que pode ser levado, isso também já foi mudado e nos apoiamos no sentido psicológico também, eu sempre digo: é na alegria e na tristeza, uma dando força para a outra. Nossos companheiros estão cumprindo pena e devemos ser fortes. Existem mães, avós no grupo que respeitosamente chamamos de ‘mãezinhas’, e é claro nós ‘as cunhadas’, como cordialmente as mais novas chamam umas as outras”, explicou.

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O grupo serve também para dar apoio logístico, principalmente, para quem vem de longe de tem parentes no sistema prisional de Maringá. “Tem gente de vem de Santa Catarina, São Paulo, Foz do Iguaçu e não sabe os horários e nem tem lugar para ficar, então providenciamos carona, damos um pouso, arrumamos um lugar para a pessoa ficar, fazemos de tudo mesmo para ajudar”, disse.

Nas conversas do grupo também há muitas reclamações das condições de vida dos detentos, que envolvem espaço e alimentação.

Mulheres dos detentos no dia em dia de visita. Foto: GMC Online

Outras histórias

Em frente a CCM, a reportagem conversou com outras mulheres que participam do grupo. Franciele Alves, visita o marido preso por latrocínio há quase 2 anos. Uma rotina que ela deve enfrentar pelos próximos 4 anos, tempo restante da pena do companheiro. Ela diz que o grupo do WhatsApp é uma baita ferramenta. “É um meio de comunicação com a família, para orientar, os horários de saída e entrada, que dia podemos trazer crianças, porque direto mudam. É realmente para gente ficar bem informado”, afirmou.

No dia que visitamos a CCM, também conversamos com Érika Santos, que levou o filho de apenas 8 meses para ver o pai preso por tráfico de drogas. “Venho toda a sexta e temos que nos unir né, já é complicado, senão nos unirmos fica ainda pior”, disse.

Rotina

Nas penitenciárias de Maringá, as visitas aos detentos são semanais, geralmente às sextas, sábados ou domingos (dependendo da penitenciária e do bloco onde o preso está) e duram duas hora. As visitas íntimas são mensais e têm a duração de 15 minutos.

Atualmente, Maringá tem cerca de 2.200 detentos no sistema prisional.

Casa de Custódia de Maringá. Foto: GMC Online

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