Neste sábado, 9 de setembro, é celebrado o Dia Mundial do Cachorro-Quente. Nesse quesito, o marinagense tem muito o que comemorar, já que o “dogão” prensado é o lanche típico da cidade e, inclusive, já cruzou cidades, estados e acredite, até mesmo as fronteiras brasileiras. Há registros de maringaenses que levaram o lanche para a Espanha, Paraguai, São Paulo e Santa Catarina, entre outras localidades. No entanto, uma história que chama muito a atenção em Maringá e que tem relação direta com o cachorro-quente envolve uma lanchonete, a Disney e direitos autorais. Entenda:
Tudo começou quando o então “Disnei Lanches”, fundado em 2004, em Maringá, recebeu uma notificação da Disney Enterprises, sediada na Califórnia, Estados Unidos, e precisou mudar de nome para não ser multado.
Em meados de 2018, o proprietário do estabelecimento, Ademir Padovan, recebeu uma notificação da Disney em sua residência. O documento dizia: “Por meio de uma breve pesquisa online, verificou-se que a Oposta vem utilizando sua marca com uma estilização idêntica àquela utilizada há anos pela Opoente. Como se verifica abaixo, os termos Disnei e Disney, além de praticamente idênticos, possuem exatamente a mesma grafia e fonte de letras, grafia esta consagrada e reconhecida mundialmente por pertencer à Opoente, a qual é protegida, inclusive, por Direitos Autorais”. Veja parte da notificação:
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Após a notificação, a defesa de Ademir Padovan tentou negociar com a Disney. A proposta era colocar nomes como “Dinei”, “Dunei” ou “Dusnei”, mas a companhia não aceitou De acordo com ele, a empresa alegou que a pronúncia era similar, então, o Disnei Lanches virou Gaúcho’s Lanches, já que o apelido do proprietário é “Gaúcho”.
“Antes de isso acontecer, alguns clientes sugeriram que mudássemos o nome para não correr o risco. Com o tempo, fui tirando as imagens dos personagens da Disney do cardápio, evitava divulgar nas redes sociais etc. Mas, eu pensava: sou pequenininho, estou na ponta do mapa, e a Disney está lá em cima, não vão se importar, mas a internet foi avançando e deu no que deu”, contou Ademir Padovan ao GMC Online, em entrevista em 2020.
Com a lanchonete notificada pela Disney, tudo precisou ser trocado: a fachada, o cardápio e os uniformes dos funcionários. Os lanches, que antes eram chamados de “Rei Leão”, “Branca de Neve”, “Scooby Doo”, “Frajola” entre outros, deram lugar ao “Tri Legal”, “Tchê Piri”, “Tchê Dog” e “Tchê Guri”.
Além dos gastos que teve com todo o processo de mudança da marca, Ademir Padovan conta que as vendas despencaram nos primeiros meses. “As pessoas passavam na frente do lanche, viam a nova fachada, e achavam que tinha mudado de dono. Quem conhecia meu apelido de ‘Gaúcho’, parava, mas que não conhecia, ia embora. Com isso, o movimento caiu muito no início, quase 70%. Quando as vendas começaram a melhorar, veio a pandemia e estragou tudo”, lamentou. “Tivemos que decorar todo o cardápio. Lembrar que quando o cliente pede um lanche ‘Rei Leão’, é o ‘Tri Legal’. E os clientes também passaram por esse período de adaptação”, conta ele, que nesse Dia Mundial do Cachorro-Quente segue com sua lanchonete no mesmo ponto, apesar dos desafios.