Tudo começou em maio de 2019, no Festival de Cannes, onde o sul-coreano “Parasita” recebia por unanimidade do júri a cobiçada Palma de Ouro, prêmio máximo do festival. A partir dali, o longa dirigido por Bong Joon-ho veio como um arrastão, colhendo admiradores por todos os eventos e premiações em que fora exibido, além do sucesso estrondoso nas bilheterias. Em todo o mundo, “Parasita” arrecadou mais de $ 160 milhões, uma cifra considerável para uma produção autoral, independente e em língua estrangeira. O reconhecimento em festivais e o aval da crítica, além de uma política audiovisual apoiadora na Coreia do Sul, foram fatores importantes na expressiva trajetória do filme até aqui, mas a funcional ferramenta de marketing chamada “boca a boca” é o que posicionou “Parasita” como o filme mais popular do ano passado. É um verdadeiro fenômeno do cinema contemporâneo.
Seu status, aliado a uma campanha massiva, o levou a ser o primeiro filme em língua não-inglesa a faturar o Oscar de Melhor Filme em 92 anos de premiação. No total, “Parasita” saiu com 4 estatuetas: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro Original e Melhor Filme Internacional. Todos esses prêmios estavam no radar, com exceção, eu diria, da categoria de Direção, que muita gente apostava no virtuosismo estético de Sam Mendes para narrar o épico de guerra “1917”, que, no fim das contas, saiu vitorioso em três merecidas categorias técnicas: Melhor Fotografia, Melhor Efeitos Visuais e Melhor Mixagem de Som.
Nas categorias de atuação, nenhuma surpresa, o que não significa que sejam prêmios injustos. Um dos melhores e mais versáteis atores em atividade, Joaquin Phoenix, finalmente levou o seu Oscar por “Coringa”, enquanto Renée Zellweger ganhou a segunda estatueta de sua carreira, a primeira fora pelo papel secundário no drama “Cold Mountain” (2003), e agora é reconhecida no papel-título de Judy Garland na biografia “Judy – Muito Além do Arco-Íris”. O astro Brad Pitt, que já ganhou um Oscar como produtor pelo filme “12 Anos de Escravidão” (2013), levou o seu primeiro como intérprete do dublê Cliff Booth de “Era Uma Vez em… Hollywood”. Na categoria Melhor Atriz Coadjuvante, Laura Dern confirmou o favoritismo e foi premiada pela desenvoltura cômica que exibe em “História de um Casamento”.
A melhor animação do ano escolhida pelos votantes foi “Toy Story 4” e o melhor documentário foi “Indústria Americana”, o único filme coproduzido pelos Estados Unidos e o mais fraco da seleção se você me perguntar. O candidato da Macedônia do Norte, “Honeyland”, que também estava indicado como Melhor Filme Internacional, é infinitamente superior. Outro prêmio que não engulo é a bobagem “Jojo Rabbit” como Melhor Roteiro Adaptado pra cima de “O Irlandês” e “Adoráveis Mulheres”. Este último levou Melhor Figurino, enquanto o filmaço de Scorsese foi o único indicado na categoria principal que saiu do Oscar de mãos vazias. Até “Ford vs Ferrari” ganhou não um, mas dois Oscars, em Melhor Montagem e Melhor Edição de Som. Bem merecido. E além de Brad Pitt, a homenagem de Tarantino a Hollywood também abocanhou a estatueta de Melhor Design de Produção.
No departamento musical da Academia, pela excelente banda para “Coringa”, a islandesa Hildur Guðnadóttir se tornou a 4ª mulher a vencer Melhor Trilha Sonora. Já em Melhor Canção Original deu “Rocketman”, de Elton John, que já venceu na mesma categoria há 25 anos pelo tema romântico de Simba e Nala na animação “O Rei Leão” (1994). A música pelo qual meu xará venceu seu segundo Oscar é “(I’m Gonna) Love Me Again” e pode ser ouvida abaixo.
Confira todos os vencedores nas 24 categorias do Oscar 2020.
Melhor Filme
Parasita
Melhor Direção
Bong Joon-ho (Parasita)
Melhor Ator
Joaquin Phoenix (Coringa)
Melhor Atriz
Renée Zellweger (Judy – Muito Além do Arco-Íris)
Melhor Ator Coadjuvante
Brad Pitt (Era Uma Vez em… Hollywood)
Melhor Atriz Coadjuvante
Laura Dern (História de um Casamento)
Melhor Roteiro Original
Bong Joon-ho, Jin Won Han (Parasita)
Melhor Roteiro Adaptado
Taika Waititi (Jojo Rabbit)
Melhor Filme Internacional
Parasita (Coreia do Sul)
Melhor Documentário
Indústria Americana
Melhor Animação
Toy Story 4
Melhor Fotografia
Roger Deakins (1917)
Melhor Montagem
Michael McCusker, Andrew Buckland (Ford vs Ferrari)
Melhor Design de Produção
Barbara Ling, Nancy Haigh (Era Uma Vez em… Hollywood)
Melhor Figurino
Jacqueline Durran (Adoráveis Mulheres)
Melhor Trilha Sonora
Hildur Guðnadóttir (Coringa)
Melhor Canção Original
Elton John, Bernie Taupin (Rocketman)
Melhor Maquiagem e Penteado
Kazu Hiro, Anne Morgan, Vivian Baker (O Escândalo)
Melhores Efeitos Visuais
Guillaume Rocheron, Greg Butler, Dominic Tuohy (1917)
Melhor Mixagem de Som
Mark Taylor, Stuart Wilson (1917)
Melhor Edição de Som
Donald Sylvester (Ford vs Ferrari)
Melhor Curta-Metragem Ficção
The Neighbor’s Window
Melhor Curta-Metragem Documentário
Learning to Skateboard in a Warzone (If You’re a Girl)
Melhor Curta-Metragem Animação
Hair Love