Restaurantes de chefs de Maringá estão entre os melhores do Brasil
Dois restaurantes comandados por chefs de Maringá estão entre os 100 melhores do Brasil no ranking da Exame Casual, realizado pela primeira vez e divulgado nesta semana. O critério adotado foi a consulta a um júri formado por 60 renomados críticos e influenciadores da área. Cada especialista apontou dez restaurantes de sua preferência, sem ordem de importância. Clique aqui para conferir a lista completa.
De acordo com a revista, foram premiadas casas que conseguiram sobreviver a dois anos desafiadores, por conta da pandemia, que apostam no uso de ingredientes de boa procedência e na criatividade da cozinha e, principalmente, que conseguem oferecer uma experiência única a uma clientela cada vez mais exigente.
O Oteque, do proprietário Alberto Landgraf, de Maringá, ficou em segundo lugar na lista dos 100 melhores com seu restaurante, que fica no Rio de Janeiro. A maringaense Manoella Buffara aparece na 19ª posição do ranking com o “Restaurante Manu”, que fica em Curitiba. Os dois chefs figuram ainda no ranking do Latin America’s 50 Best Restaurants e do The Best Chef Awards. O Oteque também é dono de duas estrelas do Guia Michelin – veja abaixo a história dos chefs com Maringá.
Oteque
A revista Exame descreve o Oteque como um discreto casarão no bairro carioca de Botafogo. Sobre qual seria o segredo do bom restaurante, o chef respondeu: “Para mim, é quando o cliente come e sai com vontade de comer de novo”.
“Landgraf é um cozinheiro técnico no seu ápice, com construção precisa de todos os elementos das receitas. Nada do que está no prato é por acaso”, afirma a jurada Renata Mesquita, do caderno Paladar. Sua inspiração não vem apenas da gastronomia: o mestre por trás das criações admite ter interesse em design, arquitetura e tecnologia, por exemplo. “Tento trazer tudo isso para o Oteque”, diz.
De volta às atividades depois de sobreviver às restrições da pandemia, quando decidiu fechar as portas, com o faturamento zero, o restaurante oferece apenas menu degustação em oito etapas, que pode incluir atum cru com caviar; lagostim com maionese de peixe; cebola com ouriço e espuma de mexilhão; e pescada-branca, levemente defumada, à moda oriental. O menu custa 645 reais.
Landgraf construiu o Oteque em um antigo casarão de 1938 que foi todo planejado para combinar com a criatividade e sofisticação de sua cozinha. A casa trabalha com ingredientes de alta qualidade, principalmente peixes e frutos do mar, com inspiração na pureza da natureza, por meio de técnicas minimalistas que se refletem não apenas no menu, mas no serviço. O restaurante de Landgraf virou referência nacional. Durante sua trajetória na cozinha Alberto conseguiu criar uma assinatura única que evidencia um claro equilíbrio entre três elementos: acidez, textura e temperatura. Ele acredita que isso faz toda diferença na carreira e no preparo dos pratos em seu restaurante no Rio de Janeiro.
“Manu”
Em 19º lugar ficou o “Restaurante Manu”, que fica em Curitiba, sob o comando da chef Manoella Buffara, que nasceu e viveu em Maringá até os 17 anos. Depois de ser aprovada no vestibular de Jornalismo, decidiu trancar a faculdade e foi para os Estados Unidos, onde teve o primeiro contato com a cozinha, trabalhando, e se encantou pela gastronomia. “Depois que voltei, eu sempre quis entrar na cozinha de alguma maneira. Acabei fazendo hotelaria e depois fui fazer gastronomia. Desde então, sou envolvida nisso, há quase 20 anos”, comentou a chef em entrevista ao Portal GMC Online em 2019. A chef lidera ainda o “Manuzita”, também na capital paranaense, e o Ella, em Nova York.
Em 2021, o “Manu” foi classificado como um dos 50 melhores da América Latina. Foi o quarto ano consecutivo que o restaurante da maringaense apareceu na classificação, que é uma uma das mais importantes do mundo. Em 2020, quando conquistou a classificação pela terceira vez, Manu conversou novamente com o GMC.
O restaurante é descrito pela revista Exame como o melhor restaurante da região sul e figura carimbada entre os mais reconhecidos do Brasil. “Manoella é responsável pelas combinações autorais (e inusitadas), como a bok choy em brasa com laranja, amendoim e mousse de fígado de galinha. Mas não adianta ter apego: o cardápio muda anualmente, como se marcasse a evolução da criadora, e sempre com menu degustação (430 reais). Para quem não achar o endereço, basta procurar pelo imóvel com criações de abelhas na fachada”, diz a matéria.
De acordo com a chef, a gastronomia feita no Manu busca trabalhar não só o alimento, mas também o produtor, que lida diretamente com cada insumo. Segundo ela, antes de comprar cada item, ela procura passar informação ao fornecedor, explicando porque cada alimento foi escolhido para entrar na cozinha do restaurante.
História dos chefs em Maringá
Ao contrário de Manoella, Alberto não nasceu em Maringá: é natural de Cornélio Procópio. Mas sua história tem muito da Cidade Canção e se cruzou com a de Manoella há muito tempo, pois os dois estudaram no mesmo colégio em Maringá por muitos anos.
Alberto Landgraf deixou Maringá logo após terminar o ensino médio. O sonho era fazer um intercâmbio por Londres, onde acabou ficando por muitos anos. Na Europa, descobriu que sua vocação seria a gastronomia e, quando voltou ao Brasil, abriu seu primeiro restaurante, o premiadíssimo Epice, em São Paulo, em 2011. No ano passado, Landgraf disse ao GMC Online que o restaurante tinha apenas 30 lugares e se tornou o queridinho de São Paulo em pouco tempo.
Mesmo à frente de um dos restaurantes mais premiados do Brasil, Alberto queria novos desafios e decidiu deixar o Epice e ficar cerca de dois anos longe dos holofotes, no Rio de Janeiro. Após se reinventar, abriu em 2018 o premiado Oteque.
O chef é apaixonado pela cidade em que cresceu e estudou, Maringá, onde ainda mora uma parte da família e os amigos. Alberto não descarta a possibilidade de no futuro ter um restaurante na cidade. “Vamos ver as surpresas que a vida vai me trazer. Gostaria muito de voltar sim e passar minha velhice e minha aposentadoria perto das pessoas que amo muito e que estão aí”, explicou ao GMC.
Uma fazenda na zona rural de Maringá foi o início de tudo na vida da chef maringaense Manoella Buffara. Foi lá que ela começou a entender a importância do cultivo de ingredientes locais e o sabor que isso provoca quando se usa a criatividade.
Ao GMC Online, Manoella disse que é apaixonada por Maringá e muito grata às origens.
“Maringá foi a cidade onde passei toda minha infância. A fazenda do meu pai é pertinho daí. Então me lembra muito a cidade e essa conexão com a terra. Foi onde eu tive tudo, né? Aprendi com meu pai o uso do pequeno produtor, do ingrediente, dos vegetais e tenho um carinho enorme pela cidade. Meu pai continua morando aí”, disse.
Recentemente, ela publicou em sua página no Instagram uma entrevista em que fala sobre sua história com a Cidade Canção – veja abaixo: