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24 de maio de 2024

Já ouviu falar sobre licenças no mercado de trabalho?


Por João Ricardo Tonin Publicado 14/02/2024 às 08h31
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Não sou mais tão jovem, nem tão velho, e espero que a meia-idade ainda esteja distante. Lembro-me das sábias palavras de meus avós, tios e pais: “Estude, pois a cada dia fica mais difícil se destacar no mercado de trabalho”.
No início, estudar parecia um crime, pois roubava meu tempo de jogar bola e brincar com amigos. Com o tempo, meu cérebro percebeu que estudar era algo bom e divertido. A geração de meus pais e avós, que emergiu da área rural, compreendia que o destaque estava vinculado ao esforço físico e mental.

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Foto: Freepik

Embora o tempo tenha passado, o sentimento persiste. O mercado de trabalho é competitivo e, muitas vezes, injusto. Devemos reconhecer isso.

Agora, peço sua permissão para despir um pouco do romantismo e focar na parte pragmática da produtividade: a geração de valor.

No marketing, há uma estratégia que consiste em identificar as licenças de uma empresa e refletir sobre seus diferenciais competitivos. São divididas em operar, competir e vencer. Estas licenças são divididas em três tipos: operar, competir e vencer.

As licenças para operar representam a base da pirâmide, sendo os requisitos mínimos para que uma empresa ofereça seus produtos e serviços no mercado. Um exemplo notável é o Nubank, que, ao iniciar suas operações, teve que estabelecer a empresa, obter licenças e autorizações dos órgãos reguladores, desenvolver software e contratar profissionais. Essas qualificações fundamentais podem ser consideradas como licenças para operar.

Por outro lado, as licenças para competir são aquelas que incorporam diferenciais que alguns concorrentes podem oferecer. No caso do Nubank , para atrair clientes, foram desenvolvidos programas de cashback, parcerias com bandeiras, oferta de um cartão black, disponibilização de uma corretora de ativos financeiros, além de seguros e benefícios diretos da plataforma. Apesar da importância desses diferenciais, podemos classificá-los apenas como licenças para competir, visto que outros concorrentes também oferecem benefícios similares.

Por fim, as licenças para vencer representam diferenciais únicos que são exclusivos da empresa e que desempenham um papel significativo na geração de valor. No caso do Nubank, a criação de um banco totalmente digital e voltado para o público jovem foi uma licença que resultou em uma grande vitória. No entanto, atualmente, não podemos mais considerá-la como uma licença para vencer, uma vez que alguns concorrentes também adotaram benefícios semelhantes.

É fundamental ter em mente que as licenças têm um prazo de validade e estão sujeitas a mudanças ao longo do tempo. Por exemplo, o fato de o Nubank ter sido inicialmente o único a adotar um posicionamento totalmente digital era considerado uma licença para vencer. Contudo, com o passar do tempo, essa vantagem foi superada por concorrentes, transformando-a em uma licença para competir. Em um futuro próximo, pode se tornar meramente uma licença para operar.

Licenças empresariais demandam renovação constante. Se esse processo não ocorrer, há uma probabilidade significativa de a empresa ser ultrapassada pelos concorrentes.

Ao aplicar esse raciocínio ao mercado de trabalho, podemos equiparar as licenças para operar às habilidades técnicas ou emocionais básicas que um profissional deve possuir para desempenhar uma função específica e agregar valor. Normalmente, esses requisitos fundamentais são destacados nos descritivos de vagas como pré-requisitos para os candidatos.

As licenças para competir são aquelas que se percebe farão a diferença na fase de contratação, muitas vezes auxiliando na identificação do candidato ideal para a vaga. Frequentemente, essas qualificações são ressaltadas como requisitos desejáveis nos descritivos de vagas.

Por fim, as licenças para vencer são requisitos distintivos que o diferenciam de seus concorrentes. Elas podem estar associadas a qualificações profissionais, experiência no campo, habilidades comportamentais ou até mesmo características pessoais moldadas ao longo da vida. São tão sólidas e notáveis que falar sobre elas pode despertar uma profunda emoção. Realmente, são elementos que agregam considerável valor.

O autoconhecimento desempenha um papel crucial nesse processo. Se pegar agora uma folha de papel sulfite, dividi-la em três partes e tentar identificar suas licenças para uma função específica, terá uma percepção rápida do que precisa aprimorar para continuar se destacando no mercado de trabalho. Esse exercício trará não apenas clareza sobre seus potenciais e conquistas, mas também um grande orgulho e felicidade.

Após essa avaliação, não se deixe levar por uma busca desenfreada por treinamentos, cursos e uma tentativa de “tirar o atraso”. Estar emocionalmente bem é crucial para a evolução.

Uma prática que sempre adotei foi desenhar uma estratégia, definir um tempo para amadurecer e permanecer firme durante o processo. Sem uma estratégia clara, é difícil alcançar qualquer objetivo.

Claro que, no decorrer do caminho, surgirão imprevistos, muitos deles. O essencial é manter regularmente a avaliação de suas licenças profissionais, acreditar na estratégia e ter paciência. Não se esqueça de se divertir durante essa jornada, pois, ao contrário do que se pensa na economia, trabalho e diversão não são antagônicos.

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